a Sobre o tempo que passa: Anuncia-se nova viagem do Titanic

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

26.3.05

Anuncia-se nova viagem do Titanic



Tanto o nosso Senhor Feliz do PS como o nosso Senhor Contente do PSD, totalmente euro-entusiastas, uns em graça de estado, pelo governo, outras em estado engraçado pelo Cavaco, não querem ler, nem ver, nem ouvir como um simples "não" ao referendo europeu em França pode mandar para as malgas mais de metade do respectivo cimento ideológico. E na pátrica de Chirac, as sondagens vão dizendo que o tal "não" que, há um mês, estava nos 35%, passou recentemente para os 51% e, agora, para os 52%. O diabo, agora, chama-se directiva Bolkestein e adesão da Turquia.

Mas a dita directiva foi adoptada em Janeiro de 2004, quase sem oposição, praticamente da mesma forma como Durão Barroso ascendeu ao vértice desta abóbada dos "amanhãs que cantam", unindo as direitas e as esquerdas dos grandes partidos multinacionais, como são o PSE e o PPE, com o primeiro a recrutar, para o governo de Lisboa, um militante do segundo, nessa prova máxima de hipocrisia, onde, contra o tal ministro democrata-cristão de um governo social-democrata, se ergue a denúncia de um partido social-democrata, inscrito numa central de conservadores, democratas-cristãos e liberais, mas que, depois de uma derrota eleitoral, tem todas as candidaturas a proporem o regresso à matriz social-democrata da esquerda moderna, talve para poderem retomar a intenção original da matriz que era a inscrição na Internacional Socialista.

Vale-nos que, por Lisboa, o grão-mestre do europeísmo, o tal que assinou a adesão nos Jerónimos, depois de "meter o socialismo na gaveta", já tem a solução para a eventual derrota deste europeísmo continentalista: levar a que Cabo Verde seja a vanguarda da adesão de todos os países crioulos da Euráfrica e Oceânia à União Europeia Armilar, pela Humanidade contra o Neoliberalismo. Que assim ninguém mais fala em Frankenstein, otomanos, romenos, búlgaros, croatas e macedónios..... O Senhor Feliz e o Senhor Contente, apoiados pelos eurocalmos e os eurameres transatlânticos, do CDS/PP, além de serem rolhas, sempre à tona de água, desde que o poder lhes dê um tacho, nunca gostaram de viajar no Titanic!