Portugal bismarckizado. Artigo DN
Tal como previamente o escrevi, todos podem, agora, comentar as inúmeras vitórias eleitorais de Pirro. E Fernando Pessoa tinha razão quando observou que, em muitos casos, vencer equivale a ser vencido. Porque se todos ganharam, todos fomos vencidos, porque ainda não há um novo ciclo de clarificação. Democracia não é sondajocracia. A sondagem mostra a vontade de todos conjugada no pretérito. A democracia foi a vontade geral. Cada um decidiu como se fosse a própria república, abdicando do respectivo interesse. As sondagens foram fotografias do passado. O povo em voto foi projecção cinematográfica, a não sei quantas dimensões. E a intuição dos grandes políticos continua a ser hierarquicamente superior às análises. Eles podem e devem ter o lume da profecia, se tiverem saudades de futuro. Hoje já não céu nem inferno. Entrámos todos no limbo. Temos resultados tão de encruzilhada como os alemães, porque a Europa a que chegámos, como dizia Delors, são dois terços de remediados e aposentados que, de forma egoísta, assentam num terço de socialmente excluídos e no endividamento das gerações futuras.
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