a Sobre o tempo que passa: Um de Agosto, a guerra segue dentro de momentos

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.8.06

Um de Agosto, a guerra segue dentro de momentos

Um de Agosto. Em 1935, os comunistas cá do reino, promoviam um dia mundial contra a guerra e o fascismo. Em 1961, também nesta data, começava a queda dos restos de Império, com o abandono, pelo residente oficial, depois de prévio incêndio, do forte de São Baptista de Ajudá, sito no Daomé, esse velho sinal de um establecimento pré-colonial que nos fazia lembrar outra África onde deambulámos, antes da coorida ocidental ao continente desconhecido.

Um de Agosto, hoje. Dia dois da lista dos devedores fiscais, pouco mais de duas centenas e meia, depois de haverem anunciado cinquenta mil, reduzidos para três mil e coiso. Eles lá sabem das trapalhadas! Julgo que seria bem mais correcto retirar alguns direitos de cidadania, nomeadamente o de voto, a quem não quer cumprir os seus deveres fundamentais de cidadania, nomeadamente o pagamento do imposto.

O sol se foi. E ficou leve nuvem de cinza sem o peso do frio. Até o mar ficou de verde chumbo. Está chão, de apetecer cruzá-lo em barco a remos. Parece um longo lago que nos convida para a viagem. Recorto, dos barulhos que me chegam, o insistir solitário de um grilo que algum miúdo ainda guarda numa qualquer gaiola de cana, o chilreio de uma qualquer ave exótico que um vizinho retém e quando o ruído poluente dos carros nos deixa de incomodar, volta o fundo barulho das ondas, neste som de pausa que vai subindo em meu redor