Mário Sottomayor Cardia, ou a coragem que nunca morre!
Acabam de me comunicar o falecimento do meu querido colega Mário Sottomayor Cardia. Não comunicarei aqui as necrológicas palavras do costume, porque quem pensa e semeia o pensamento nunca morre. Este homem de excessos, nos defeitos e nas virtudes, deveria ter sido o autor da necessária teoria da democracia deste regime. Mas preferiu andar sempre à procura e ensinar os amigos e alunos em peripatéticas conversas, algumas delas em longas noitadas, onde, os que dele receberam o privilégio do magistério, muito aprenderam. Eu fui um dos que tive essa honra de perceber o que era ter sido comunista por solidariedade e socialista da velha tradição do liberalismo lusitano. E aos outros tentarei comunicar sempre o que dele recebi. Não posso, contudo, deixar de proclamar que este foi o mais corajoso ministro da educação que tivemos neste regime, porque, contra a destruição da revolução, soube e conseguiu implantar a semente de uma reforma por cumprir, eliminando a estúpida mentalidade da guerra civil friamente ideológica. A Universidade e a democracia muito lhe devem. Para sempre!
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