a Sobre o tempo que passa: Prefiro as pegas de cernelha, aos rabejadores da demagogia e da propaganda

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

2.7.10

Prefiro as pegas de cernelha, aos rabejadores da demagogia e da propaganda


O que é bom para a PT seria bom para o Estadão se por cá houvesse Pentágono. Quem não tem poderes, caça com pegas de cernelha, porque rabejadores sem pega de caras dá raia, quando são apanhados no buraco pelos bombeiros das regras...

A voz da "City", o "Financial Times" fala em "estupidez colonial" a este uso da "golden share". Se o ferro matasse o bicho, ainda valeria a pena cantar o "contra os bretões, marchar, marchar"... Prefiro reler o Tratado dito de Lisboa e reparar em quem diz "a Europa será federal, ou não será..."

No "El País", a mesma coisa é qualificada como "arbitrariedade provinciana". Concordo com a padeira de Aljubarrota, mas se a pá os levasse mesmo. Sempre prefiro o Caramuru...

Entretanto, De Sousa foi ao lançamento do livro daquela que nomeou para sucessora de Machete na gestão de fundos do amigo americano. A Alçada ficou com as orelhas a arder, quando o primeiro definiu coragem como não ceder às corporações. Isto é, à FENPROF, depois da audiência que a mesma teve em Belém. Soares lá foi, lançar novo barquito de papel...

Há quem suponha que com banha da cobra se pode resistir ao vil metal e alguns capatazes da velha fazenda ainda dizem que só as quintarolas exíguas é que não defendem a murro a herança do ainda vamos ser um imenso império colonial...

O abstracto mercado, que nenhum empresário alguma vez apalpou, nem para um liberal está acima do ainda mais abstracto Estado, porque este é concreto quando nos vai ao bolso e nada tem a ver com a metafísica curandeira daqueles que dizem ter contactos imediatos de primeiro grau com os superiores interesses do país...

Ser liberal é ser pela aventura do risco, mas com o pragmatismo dos pés no chão, reconhecendo que Estado sem força é impotência que não pode ser colmatada pela propaganda, pela demagogia ou pela ideologia. Política tem de ser sonho servido pela arte do possível...

Para cumprirmos as regras deste jogo da globalização e da hierarquia das potências temos de submeter-nos para sobreviver, para continuarmos a lutar para vivermos com a vontade de sermos independentes. Ninguém mete o Rossio do Tratado de Lisboa na betesga dos jurisconsultos de rabo pelado, alimentados pela parecerística...

Quando ex-europeístas convictos se deixam enredar nas teias argumentativas de certo ressequido corporativismo de estadão, ai da patronagem e da empregadaem deste socialismo de consumo que cai no mais dos caricaturais dos proteccionismos do "a Vivo é nossa, e sempre foi, a PT é nossa, nossa, nossa..."

Quanto mais é a mania do cientismo progressista, maior pode ser o charlatanismo ocultista. Prefiro os que não perderam o sentido do sonho e continuam a sublime aventura poética e espiritual de olhar as estrelas do transcendente com os pés no lodo da existência...

Ai de quem justifica o paradoxo com o catecismo de seita ...

PS: Na foto, o ilustre jurisconsulto Vital tenta tirar do buraco um jurisconsulto também ilustre que se meteu no buraco, para melhor poder aconselhar o jurisministro que geriu o processo deste "rapidamente e sem força"...