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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.10.10

Ecofinos, capatazes e feitores, valha-nos o primeiro polícia sinaleiro que aparecer na esquina do aeroporto!

Imaginemos que o nosso querido submarino Tridente, qual "Adamastor" de Mendes Cabeçadas, deixava de ser nome de pastilha elástica e apontava um dos canhões a São Bento, ao mesmo tempo que uma manifestação sindical armada se instalava, com armas roubadas a um quartel, na rotunda da Praça da Canção... Claro que é tudo um problema de legitimidade, como aquele que Cavaco e Sócrates vão comemorar para a semana. Seria melhor que se olhassem ao espelho! E reparassem que também houve eleições democráticas cerca de três meses antes da data da fotografia da maria da fonte que encima este postal.

Claro que sou contra as revoluções e, logo, contra as contra-revoluções. Prefiro o 9 de Setembro de 1836, quando os deputados minoritários da oposição desembarcaram no Cais das Colunas e derrubaram os devoristas, apenas com bandas de música, vivório e foguetório, em nome da moralidade. Além dissso, os amigos de Passos Manuel cumpriram o que prometeram e viveram como pensavam...

Aqui e agora, é outra loiça: depois da sucessão de inimputabilidades de ontem, resta saber como é que os cacos do centrão se vão recolar para aprovação do chamado orçamento da acalmação dos mercados financeiros internacionais. Talvez com super-cola de Bruxelas e saliva da OCDE...Talvez substituindo Sócrates por Texeira dos Santos e este pelo primeiro polícia, mesmo sem ser sinaleiro, que estiver à espera de Constâncio no aeroporto...

Gostava apenas de, muito democraticamente, protestar contra o senhor comissário europeu dos assuntos económicos que aplaudiu aquilo que qualificou como "autoridades portuguesas", como se isto fosse uma ditadura terceiromundista, sem constituição, parlamento, governo e presidente. Julgo que na terra dele e em toda a Europa vigora aquele velho e universal princípio da competência exclusiva dos parlamentos em matéria de novos impostos. Por aqui, por acaso, desde o século XIII, porque nem o absolutismo lançou impostos sem prévio consentimento das cortes, mesmo quando as não reuniu. Arranjou receitas extraordinárias de além-mar...

Numa dessas democracias plurisseculares, como já foi a nossa, uma pátria não tem, no respectivo capataz ministerial, um plenipotenciário que substitua o parlamento em matéria de lançamento de novos impostos, nem que seja quando ocorre uma reunião da União Europeia com o banco europeu, com a presença de Constâncio e de Barroso... Estes ecofinos podem ser feitores dos ricos da geofinança, mas ainda não receberam, para tanto, adequado mandato do povo lusitano!