Maçã prodigiosa. Por Teresa Vieira
Veio Abril feito de sonho e de mãos dadas
Num tom tão claro quando tudo é luminoso
E a alegria ali, fora de nós e viajando
Em carros triunfais de deuses e de prados.
E vi céus nas expressões dos homens e lágrimas como pérolas de lua
E era assim que Abril se passeava abrindo em leque
O ar mais pequeno de cada rua.
Depois vi comunhões, véus, cálices e auroras
E vi o mar a cintilar toda a diferença
E beijos de uma forte e suave espuma
Frescos em mocidade
Nas margens vertiginosas de cada duna.
E virgem, mas sabendo toda a vida
Olhou-se o povo num espelho sobrenatural
Viu destinos e verdades e venturas
E Abril em frémito
Tão perdidamente
Água fonte
Água crença
Água oceano.
Mistério novo
Tábua de lei
Pronto- socorro.
Teresa Vieira
Sec. XXI, dia 25
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