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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

23.3.06

Que venha Bolonha, mas sem bolonheses! E alguns avisos aos homens livres da cunha estadual e suas cortes...



Já blogueei sobre Bolonha o suficiente para perceberem que, tendo de submeter-me para sobreviver, não deixarei de lutar para continuar a viver. Sou por Bolonha e não pela bolonhesa dessa legião de burocratas planeamentistas que a fauna dos educacionólogos, avaliólogos e outros ornitólogos fez crescer em banha, mas sem músculo, osso e nervo, a estrutura adiposa dos nossos ministérios, onde continua a mandar o ninguém.


Bolonha é a última bandeira dos profissionais da pseudo-reforma educativa, esse último reduto dos educacionólogos inventado pela veiga-simonice, onde as criaturas nem sequer têm a categoria do criador, dado que o respectivo papaguear da voz abstracta dos amanhãs que cantam foi recentemente retorcido pelos vários candidatos a reitor-primaz que passaram a circular pelas salas de consulta da renascida Junta de Educação Nacional, entre avaliadores encartadamente aposentados, mas que não dispensam novas aposentadorias, e superburocratas ressaibados que costumam fazer discursos abstractos contra o ensino tradicional, depois de uma viagem de turismo burocrático e sexo dos anjos.


Reparo que eles agora andam à solta, assentes numa gerontocracia dos que não sentem no quotidiano a realidade viva dos alunos e das novas gerações e pouco preocupados com as consequências de desemprego que as respectivas teorias e preconceitos ideológicos produziram, quando a lei atendeu a tal psicopatia sentenciadora. Que venha Bolonha, mas sem bolonheses! Basta usar um par de óculos... a verdade e o honesto esforço não cegam nem se reduzem à dimensão eclipsónica.

Em Portugal, importa notar, quem faz ciência são os cientistas que o praticam e não os metódologos que ocultamente a sentenciam, porque método é mais o caminho para ... do que o discurso ideológico ou vingativo sobre o dito, segundo a teoria luisiana do depois de mim o dilúvio, habitual nas deduções cronológico-analíticas dos criadores de livros únicos e dos habituais rebanhos louvaminheiros das jovens viúvas. Ocultismo por ocultismo, prefiro o do regresso dos mágicos que esse ao menos não faz depender o respectivo conceito de investigador do computador que regista os estadualmente subsidiados, com pretende a colonização em curso do novo culturalmente correcto. Só é pena que passe a correr risco a liberdade de pensamento e a sua consequência criativa que é a de ensinar e de aprender. Como homem livre, resistirei!