a Sobre o tempo que passa: Que linda a festa, pá! Somos óptimos mestres de cerimónias e temos um ágil "entertainer", apesar dos pés de barro e dos traseiros do poder...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

2.7.07

Que linda a festa, pá! Somos óptimos mestres de cerimónias e temos um ágil "entertainer", apesar dos pés de barro e dos traseiros do poder...


Tem sido linda a festa, pá! Temos um magnífico mestre de cerimónias, como todo o mundo conseguiu vê-lo, sentado no centro da sala - num mini-palco destinado a elevar a sua cadeira, que girava à medida que as perguntas iam sendo colocadas por 27 ensaiados jovens erasmus vestidos a rigor, enquanto o "entertainer" sorridente, de calças de ganga e sem gravata, cumprimentou todos com beijos e apertos de mão, depois de confirmar que falavam português (dos jornais). Já no Porto mais de uma centena de convidados foram obrigados a abandonar a sala onde ocorreu o espectáculo porque não tinham lugar marcado, entre os quais o procurador-geral distrital e o director da PJ do Porto (dos jornais)

Na véspera, a velha FNAT, em plena Avenida dos Aliados, fez desfilar centenas de ranchos folclóricos, neste ambiente nacional-porreirista, onde regressam o programas de Isabel Meireles e os inevitáveis comentários de Teresa de Sousa, ao mesmo tempo que a campanha autárquica de Lisboa leva Negrão a jantar com Eusébio, antes de se passear com Fernando Seara na Feira do Relógio, para que Roseta proclame que sem a Portela, Lisboa se vai afundar ainda mais...

Merecem sinceros parabéns os encenadores desse primeiro dias do resto da nossa vida de presidência europeia, embora todos também possam ir espreitando outros traseiros do poder, nesta festa da democracia, onde o principal líder da oposição acusa o governo de actuar com "intolerância" e de exercer "perseguição política" na administração pública, lembrando que o "Estado é de todos, não é uma coutada privada do PS", onde não faltam sobreiros arrancados, berardos contra o intelectualismo dos megas e contra os jardins que não querem ir tratar das galinhas, como o devem fazer os de provecta idade. Não faltam sequer disputas entre as "ghostwriters" da carolina salgado, enquanto burocratas bem fiéis continuam a tratar da saúde ao país profundo.

É o competentíssimo vereador do pelouro do município vizinho que substitui a "coitada" da esposa do vice-presidente do município onde se situa o centro de saúde, assim se demonstrando que em vez da "girls" laranjas, vale mais um "boy" dos rosas, enquanto lá mais para a Beira do António José Morais, outra coordenadora, certamente mais correia de transmissão para os campos, emite circular interna onde informa “todo o pessoal da sede” que a correspondência “endereçada directamente a determinados funcionários ou ao cuidado dos mesmos será aberta na coordenação, desde que oriunda de qualquer serviço público ou outro (...)”.

Não façam isso, porque isso afunda a cidade ainda mais. É o que pode acontecer a Lisboa. Afundar-se ainda mais, observa Roseta, que já foi do PSD e do PS, enquanto Marques Mendes dá aulas numa Universidade do Poder Local, não reformável nem afundacionável por Gago, sobre "este clima de intolerância e autoritarismo". Apesar de reconhecer que todos os governos e todos partidos têm "pecados de controlo do poder", afirmou que situações como as que têm vindo a público ultimamente "não são hábito em Portugal".

Qualquer observador dos pés de barro deste gigante propagandístico do estadão, pode notar como assim vamos pensando baixinho, especialmente quando o carreirismo político nos vai afundando no declínio da valeta. O mestre de cerimónias já recebeu o tal "mandato claro e preciso", isto é, tem de carimbar o tratado já cozinhado pela presidência alemã e tratar de escolher a cidade onde ele vai ser assinado. É pena que Guimarães seja impronunciável pelo europês, nomeadamente pelo castelhano, pelo que há todas as condições para que outra das maravilhas lusitanas se possa candidatar, especialmente Sintra, onde, além de Seara ser amigo do Durão, tem vinte-e Sete-ais. If you suspect it, report it...