a Sobre o tempo que passa: Contra os actores políticos que não cumprem a palavra dada ao povo

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

20.10.07

Contra os actores políticos que não cumprem a palavra dada ao povo


Acabo de ouvir as decisões da primeira reunião da nova direcção do PSD. No "day after" à coroa de glória dos "zés-pás", esses representantes do bloco central multinacional do PPE e do PSE mostram assim a verdadeira face do edifício propagandístico do estado a que chegámos, elevado às alturas da arquitectura pós-moderna do tratado reformador. Na foto ilustradora do poder europeu, o PSD aparece cortado, no palanque da extrema-esquerda desta foto de famílias...




Mas o que é bom para o "euronews" pode não ser tão entusiástico para o "zé povinho". Assim se demonstra como o dito tratado, que apoio, tem traseiros domésticos prenhes de pés, troncos e braços de barro. E não há nenhuma propaganda de qualquer "action man" que consiga disfarçar o desencanto.




Não me admira que Menezes tenha cedido ao rolo compressor do pensamento único das duas principais multinacionais partidárias da Europa, que condicionaram a cimeira dos senhores Estados, realizada no chamado Parque das Nações. Afinal, a agenda oculta desses donos do poder determinou que os povos não podem ser directamente ouvidos, em nome do argumento de uma Realpolitik, segundo a qual "é preciso pôr a Europa a funcionar". O PSD pode assim ser bem visto no concerto dos grandes do PPE, que transformaram Menezes num novo "bom aluno" que, desta forma, pensa livrar-se da acusação de populismo, a mesma que levou o CDS de Monteiro e Portas a ser expulso do PPE.




Sócrates agradece. Já tem mais uma desculpa para não cumprir uma inequívoca promessa eleitoral. Mas ambos poderão cometer um clamoroso erro: ajudam ao défice democrático das instituições europeias. E, pior do que tudo, não cumprem a palavra dada, em nome de uma conveniente superveniência que não passa de uma desculpa de mão pagador das ofertas eleitorais.