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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

8.6.10

Bem me apetecia escrever um manifesto anti-dantes que os mandasse para o "pim" que os pariu


O pior deste totalitarismo doce, que nos vai unidimensionalizando em cobardia, está no pensar baixinho de gerontes sem autenticidade e dos acumuladores curriculares que os imitam, só porque o sindicato das citações mútuas os ilude: até quando, papa-reformas, papa-conselhos, papa-prémios e papa-papões, continuais a abusar da nossa paciência?

Certos reaccionários de uma figa que por aí sacristam são directamente proporcionais aos radical-chics da nossa extrema-esquerda, onde o argumentário dos bentinhos progressistas se conserva com o cheiro da diabolização torquemada, prenhes das canalhices do costume e da persiganga permanecente do colectivismo moral de seita...

Bem tento evitar que me salte a tampa herculaniana e antimulticárpica, contra o que andam sempre à procuram de arrependidos para que se enchouricem com a fúria do converso novo. Se a nossa querida direita não-relativista vai buscar para candidato um senhor prior que no dia 25 de Novembro de 1975 ainda estava no MES, fiquem-se pelos conselheiros da mesma seita das piruetas que puseram em Belém...

Leio, de um dos nossos maiores caçadores de subsidiologia multinacional, visto como guru de alienígenas internos, uma pregação sobre a necessidade do regresso ao mais binário e mecanicista da luta de classes marxiana, tendo em vista a salvação da Europa...

Confirmo, malthusianamente, como estes Frei Tomás das utopias enlatadas costumam morder na mão de quem os sustenta em dogma. E tudo apenas seria ridículo se a comédia verbalista não tivesse contribuído para a presente tragédia do pensar baixinho à esquerda, mas vivendo dos nacos com que a direita dos interesses os apaparica...

A principal causa do estado a que chegámos é um erro de teoria: o modelo mental que gerou sucessivos governos de esquerda com o mais caricatural dos temperamentos autoritários da velha direita, com as suas croniquetas e sermões de falta de autenticidade.

Infelizmente, é com o carimbo universitário, que se vai propagando esta esquizofrenia de um neodogmatismo pretensamente antidogmático...

Somos vítimas do paralelograma de forças de um situacionismo "mainstream" que transformou o pensamento em facturação de subsídios, acumulação de reformas e pedagogia do fingimento, para avaliólogo ver e educacionólogo exercitar em círculo vicioso...

Como caricaturizava Guerra Junqueiro, esta velha e desdentada "intelligentzia" só dará à luz quando arder, quando uma destruição criadora nos regenerar...fugindo da procissão de sucessivas apoplexias e hemiplegias de professores pardais e professores manitus, em ritmo do "horroris causa"...

Pobres de nós, falidas gentes, que permanecem nesta insolvência mental do mais do mesmo, com muito "intelectuário" de serviço (isto é, a soma de inteligente sem honra com a falta de espinha do serventuário), sempre com a música pretensamente celestial do mais do mesmo...

Há uma pseudo-esquerda e uma pseudo-direita instaladas no pretenso mecenato banco-burocrático que bem mereciam o caixote de lixo da dona história, onde já se acumulam os fascistas cobardes, os distribuidores de condecorações, e os tradutores em calões de revistas de aeroporto. Bem me apetecia escrever um adequado manifesto anti-dantes que os mandasse para o "pim" que os pariu

Pobre portugalório, o deste reino cadaveroso, do pensar baixinho mas com muita pose e algum estrondo. Porque todos têm aquele preço com que se compra a honra, de acordo com a técnica do enchouriçamento, onde as alfurjas da Betesga ainda pensam que são os Palácios do Rossio...