a Sobre o tempo que passa: Mais um dia de alerta laranja...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

27.7.10

Mais um dia de alerta laranja...


Mais um dia de alerta laranja...mas não para Sócrates nem Passos Coelho: estão a digerir a entrevista de Paulo Portas a Mário Crespo e o mais do mesmo, emitido pelo decano dos líderes partidários em exercício...

Sócrates, Passos e Portas, somados, esse máximo de aritmética parlamentar, sobem que esta já não corresponde à geometria social, a que vai de D. Carlos de Azevedo a Carvalho da Silva e tem como banco aquele que não foi sujeito ao teste de "stress" da Europa: o Banco Alimentar contra a Fome...

Apesar das previsões de quentura, talvez não haja Verão quente. Alegre, satisfeito com as sondagens e os tabuzinhos, até aproveitará para alguns dias de pesca, antes do regresso da caça aos gambozinos...

O desabamento do situacionismo não será estivalmente provocado por movimentações de forças políticas internas. Está tudo adiado para o orçamento das presidenciais. O imprevisto indisciplinador vai inevitavelmente acontecer, só não sabemos é quando...

Quando anoto a sucessão de adesivos e viracasacas neste situacionismo crepuscular, em nome da possibilidade de distribuição de recursos e prebendas a partir das várias instâncias centralistas das honrarias e dos subsídios do capitaleirismo da sociedade de corte do bom e velho estado, apenas sorrio...

Hoje, tal como depois de 1910 e de 1926, nos começos tal como nos crepúsculos, há sempre um Afonso Costa que vai captando caciques e marechais regeneradores, tal como há viracasacas anedóticos, porque este sistema já entrou em decadência...

Há muitos que, aqui e agora, não servem, apenas procuram servir-se. Porque, por cá, continua a haver muitos pé e poucas botas (expressão de Afonso Costa). Pior do que isso: continua muita gente tão descalça que nem sequer se importa em usar sapatos de defunto...

Basta darmos umas voltinhas pelos corredores e elevadores do poder para confirmarmos o ensalivamento crescente dos esfaimados, desses que continuam a rebolar-se como carpideiras pelas alcatifas infestadas de ácaros dos pretensos donos do poder...