a Sobre o tempo que passa: A lavagem da Avenida da Liberdade, os advogados e patos bravos do regime e as gaguices educativas

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

15.9.05

A lavagem da Avenida da Liberdade, os advogados e patos bravos do regime e as gaguices educativas

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Apesar de ainda não ter voltado a anti-incendiária chuva, continuamos a ser inundados por notícias com poucos sinais de introdução do sigilo fiscal e da prometida baixa do preço dos medicamentos. Primeiro, a avenida da Liberdade em Lisboa, esse antigo passeio público que, começando nos Restauradores de 1640, é subitamente interrompida pela estátua do déspota Sebastião José de Carvalho e Melo, começa a ser lavada duas vezes por dia no âmbito de um estudo para avaliar o impacto da lavagem na zona mais poluída da Europa. Aí se encontram alguns dos principais escritórios dos advogados do regime, tanto os do lado laranja do Bloco Central de interesses, como os que são preferidos pelo lado cor de rosa da mesma poluição. Aliás, a estátua do Marquês só foi inaugurada depois do 28 de Maio, na presença do GOL, que a promoveu, e de ministros da Ditadura que ao mesmo GOL eram afectos.

Julga-se que tal operação de mangueirada, não levada a cabo pelos bombeiros, não foi provocada pela circunstância de o Governo ter contratado António Vitorino para representante do Estado nas negociações com os italianos da ENI no processo de recomposição accionista da GALP, coisa que o Ministro com nome de árvore resinosa exótica já negou, embora se confirme que Guilherme d'Oliveira Martins, além de deputado socialista, tinha um qualquer lugar numa empresa ligada a Manuel Dias Loureiro, que é cor de laranja, e outro numa sociedade universitariamente dependente do clã Martins da Cruz, que tem o sabor do mesmo sumo, vai mesmo exercitar a respectiva independência num dito Tribunal dito de Contas. Marques Mendes já disse que queria lá um magistrado, com a mesma lógica que o levou, outrora, a aceitar o comando de uma universidade, por indigitação de Isaltino de Morais e de certos sócios imobiliários da coisa que costumava ser avaliada por antigos empregados da SIPEC, quando o mesmo Oliveira Martins era ministro da inducação (ver abaixo).

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Mais animadas estão as coisas nas presidenciais, ditas corrrida às candidaturas. Com Alegre a versejar sobre se poderá ser necessário um novo candidato de esquerda nas presidenciais de 2006, caso as sondagens continuem a indiciar um triunfo de Cavaco Silva. Com este a afirmar, lá em Londres, que anunciará a sua decisão sobre as eleições presidenciais "não daqui a muito tempo". E com Soares a ter que seguir a recomendação dos estrategas da sua campanha, decidindo rever os moldes em que a sua candidatura está a ser apresentada e que não parece ser uma contramanifestação-passeio na tal Avenida da Liberdade.

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Leia-se, contudo, o Diário de Coimbra e compreenda-se como a questão universitária em Portugal tem a ver com a crise da construção imobiliária. Logo, se já temos uma eficaz dona de casa a pôr na ordem as escolas que vão da pré-primária ao secundário, sugerimos que se ponha um gestor de imobiliário menos Gago, no comando do ensino da avaliologia universitária: Dois anos depois de ter sido adquirida por dois empresários de Pombal, a Escola Universitária Vasco da Gama (EUVG) passa, agora, a ser controlada pela SIPEC (Sociedade Internacional de Promoção do Ensino e Cultura), que detém a Universidade Internacional (de Lisboa e da Figueira da Foz) e o Instituto Superior Politécnico Internacional.

Em rigor, é a entidade instituidora da EUVG, a Associação Cognitária S. Jorge de Milreu (ACSJM), que vai adquirir o património afecto à escola: um antigo mosteiro, em Castelo de Viegas, e a quinta envolvente, onde o estabelecimento de ensino superior privado se instalou.

Porém, na medida em que se procedeu a uma substituição de sócios, onde figuram, agora, administradores da SIPEC e gente de sua confiança, pode dizer-se que são os “donos” da Internacional que estão a adquirir Vasco da Gama.

Segundo o Diário de Coimbra apurou, a ACSJM vai adquirir o património, aos empresários António Calvete e Carlos Barros, mediante uma operação de leasing imobiliário – a renda que a associação pagava pelo uso daquele espaço, na margem esquerda do Mondego, passa a ser canalizada para uma instituição financeira, por um prazo de vinte anos. O negócio envolve cerca de cinco milhões de euros.