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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.5.08

Prefiro o autêntico D. Sebastião, o que vai de Bandarra, antes de D. Sebastião nascer, ao Padre António Vieira, depois de D. Sebastião não morrer


Ouvi e li. Passos Coelho e Manuela Ferreira Leite. O primeiro a dizer que é reformista e liberal, saudoso da anterior filiação internacional do partido. A segunda, a fazer política, com ar de quem não gosta da política, e muito menos dos políticos, fingindo, à maneira do paternalismo de Cavaco, que é boa moeda contra a má moeda, porque basta passear-se em nome do respeito e desse misterioso prestígio tecnocrático que dimana dos que são santificados como bons contabilistas públicos. Felizmente que não sou do partido de nenhum dos dois.


Se gosto, evidentemente, do estilo de Pedro Passos Coelho, que tenta não repetir a Blitzkrieg que levou Manuel Monteiro a vencer Basílio Horta, também prefiro o autêntico D. Sebastião, o que vai de Bandarra, antes de D. Sebastião nascer, ao Padre António Vieira, depois de D. Sebastião não morrer. Daí que pouco me interessem as esperas de Alberto João e as dúvidas de Pedro Santana Lopes. Ambas andam pelo nível das entrevistas de Pinto da Costa e dos meandros do julgamento de Marco de Canavezes, isto é, pelo rebaixamento dos fins da política. Prefiro tirar outros retratos, em manhãs de nevoeiro.