a Sobre o tempo que passa: Sobre o estilo decretino e quase hierocrático...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

21.5.08

Sobre o estilo decretino e quase hierocrático...


Tal como prestei depoimento ao semanário "o Diabo", também hoje, "O Semanário" traz um depoimento meu. Dado que alguns detectores da minha liberdade de expressão podem não ter acesso ao documento, aqui o transcrevo, para os devidos efeitos. Tem a ver com recentes declarações de generais:


Parece que vão além da mera autodefesa corporativa, tendo algo de recado dos pais fundadores do regime face à presente decadência de um sistema que vai amarfanhando o regime. Mais grave parece ser a intenção governamental de lei da rolha, num processo de compressão da liberdade de expressão que também afecta certas secções universitárias, onde alguns conselhos directivos e certas inspecções parecem reduzir instituições marcadas pela honra e pela inteligência a dependerem dos discursos oficiosos da hierarquia verticalista de certo estilo "decretino" e quase hierocrático...


Continuo farto dos que aprenderam cultura nos bancos torquemadas de pregações e homilias contra as heresias que fogem do situacionismo politicamente correcto. Desses que continuam à espera da chegada daquele laico ofício que possa mandar queimar em efígie os dissidentes. Continuo farto destas cadaverosas persigangas vestidas de tecnocracia neopositivista, onde ebriamente se deslumbram fascistas, estalinistas e ressabiados, só porque passaram a respeitáveis donos do poder, assentes na engenharia distribuidora dos fluxos orçamentais que os pombalizaram, especialmente quando aplicam, agora, ao sector não privado, o exercício falimentar e cogumélico da privatização dos lucros, com nacionalização dos prejuízos, métodos que os fizeram homens da esquerda baixa e prebendada, ou da direita cobarde e colaboracionista.