a Sobre o tempo que passa: Recortes de fantasmas...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

7.5.08

Recortes de fantasmas...


Permitam-me que informe sobre a inauguração, amanhã, quinta-feira, pelas 19 horas, na Corrente Darte, Avenida D. Carlos, diante do Café República, de “Recortes de fantasmas”, um projecto começado em 2004, com uma ideia inicial baseada nos trabalhos de Sophie Calle sobre o jogo de criação de personagens e na argumentação de Bertrand Williams e Thomas Nagel sobre a moral do acaso. São apresentadas telas de 180x70cm pintadas com as silhuetas de dez homens e dez recortes pintados em mdf da silhueta da autora em tamanho natural.




Porque ao contar uma história, sem juízos de valor e de uma forma analítica, exorcizam-se as emoções, transformando-se o eu e os outros em bonecos. Nascem assim as telas, bonecos de homens sem conteúdo, já que perderam toda a sua vida após terem passado a sua história ao papel. Nas telas, os homens revelam-se após alguns segundos à luz ou dissolvem-se rapidamente em água, do banho ou das lágrimas...





É evidente que tenho vivido, aqui em casa, há anos, esta aventura de telas, pincéis, pelo que sou totalmente suspeito sobre uma obra que, sendo da Ana, nos tem feito olhar, aos dois, na mesma direcção. E sem autorização da autora, aqui vos deixo uns pedaços da instalação...