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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.7.08

Programas de entretenimento sobre as espumas do Bloco central


A face conflituosa do Bloco Central, brincando à espuma dos dias, vai-se acusando entre desonestidade intelectual e o mais incompetente do mundo. A face de paz celestial da direita dos interesses prefere o menino de ouro, nessa bela operação de propaganda, segundo a qual a boa propaganda deve parecer antipropaganda. Logo, Vitorino e Loureiro, numa sala onde não estiveram presentes José Miguel Júdice nem Daniel Proença de Carvalho, transmitiram as emoções do dia de ontem.



Por mim, apenas me lembrei de uma velha história de infância, passada na Rua das Taipas do Porto, quando eu tinha três anitos e ouvia constantemente uma história dos vizinhos do lado, sobre o gaiato meu colega de brincadeira que, devido aos tratamentos a que a mãe foi sujeita para poder dar à luz, diziam sempre que o meu coleguita era um menino de ouro, por tanto ter custada que, em termos financeiros, valia o próprio peso em ouro.


Contam-me que cá o autor destas memórias, quando ainda não sabia o que era uma metáfora, decidiu um dia cumprir o científico método da experimentação, verificando com um pequeno alicate se o colega era mesmo feito desse metal precioso e tratou de fazer a prova de forma um pouco violenta e de que, naturalmente, me arrependo. Sei apenas que cheguei à conclusão que ele era feito da mesma massa de todos os outros que berram quando lhe apertam as carnes.


Desculpe-me, engenheiro Sócrates, mas, consigo, quase acontece o mesmo perante a prova que nos é dada com o fim do estado de graça. Daí que o compreenda, emocionadamente, especialmente quando noutro dia, em Beja, ao visitar um hospital se encontrou uma médica, ou uma paramédica, que se assumiu corajosamente como sua fã. As palavras que deixou cair foram o melhor comentário da encruzilhada que o amargura: "ao fim de três anos de governo, ainda há, afinal, quem goste de mim..."