a Sobre o tempo que passa: Prefiro peregrinar pelos impérios do espírito santo e recolher-me diante da Sociedade do Amor da Pátria

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

24.6.08

Prefiro peregrinar pelos impérios do espírito santo e recolher-me diante da Sociedade do Amor da Pátria


Espero não voltar a ser processado, porque não tive prévia autorização do meu "herr Direktor" para participar neste fecundo conselho científico que mobiliza professores de Salzsburgo, Aaland, Rússia, Escócia, Faroe, Roménia, Sienna, Montpellier, Coimbra, Salamanca, Tubinga, Açores e Lisboa (apenas eu). Há por aqui uma paradoxal conspiração da Europa das pequenas regiões e das muitas ilhas autónomas, donas de muitas orgulhosas identidades e de muitas autonomias históricas. Não consta que, por aqui, se brinque ao poder pelo poder e às angústias neofeudais dos senhores da guerra. Por aqui apenas circula aquela autoridade que rima com o saber. E nestas ilhas ainda há sinais de defesa de concepções do mundo e da vida que respeitam o clássico princípio da subsidiariedade, onde o número de habitantes não se mede pelos palmos do quantitativo, mas pelo sentido político do humanismo e da cidadania, incluindo a cidadania académica que certos deslumbrados continuam a comprimir. Desliguei o telemóvel para as intigas capitaleiras do universitarês, mas, ainda assim, inundam a minha caixa de correio os desvarios. Prefiro peregrinar pelos impérios do espírito santo e recolher-me diante da Sociedade do Amor da Pátria. A resistência dos homens livres continua a semear revolta contra os pretensos funcionários da revolução frustrada que nos continuam a ocupar a mesa do orçamento.