Quando descer sobre a luz que me faz falta, num ir além do poente, noite dentro, até sempre
Perguntam-me, lá de longe, lá dos dezoito mil quilómetros que ficam nos antípodas, mas sempre aqui tão perto, perguntam-me, se voltei a ter planos para o depois daquilo a que chamam voltar. Prosaicamente, digo que não sei. Porque haverá reuniões e fichas, despedidas do senhor embaixador, recepção do senhor secretário de estado, muitos empregados limpando o pó, cortando a relva, podando as árvores, muitos chefes de empregados preenchendo requestações, cruzinhas no excel, no word, no pdf, no fdp, ou lá no que é, só porque o que tem de ser tem muita força.
Confesso que não vim aqui procurar a pátria que já não há, a revolução que sempre foi perdida, quando apenas devia ter sido evitada, o falso homem do leme ou uma qualquer nau de fantasia que, envolta no mistério do exótico, seja capaz de me dar porto seguro ou refúgio face a ameaça dos piratas. Por mim, porque navegar é preciso, continuo sem contabilizar o ir não sei para onde, dos que apenas se submetem para o sobreviver e se esquecem que importa lutar, para que continuemos a viver.
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