a Sobre o tempo que passa: Do encerramento da Universidade Internacional ao rejuvenescimento da pátria, com Marinetti em antidantas

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.5.09

Do encerramento da Universidade Internacional ao rejuvenescimento da pátria, com Marinetti em antidantas


No crepúsculo desta legislatura, onde todos são campanha eleitoral, o consenso da ética republicana, os acordos do bloco central e o eventual bom senso do arco constitucional não rimam com a original ética republicana, mesmo que ela seja tão monárquica como a do fundador do conceito, um tal Kant. Daí, a novidade parlamentar de hoje: dos 222 deputados votantes, 113 escolheram Jorge Miranda (PS), 59 optaram por Maria da Glória Garcia (PSD), 15 apostaram em Guilherme da Fonseca (PCP) e 16 em Mário Brochado Coelho (BE). Outros 16 parlamentares preferiram votar em branco e três tornaram nulo o seu voto. Serão necessários 148 votos para se atingirem os dois terços necessários. 

Isto é, o único queijo limiano que resta é ou uma traição dos deputados do PSD, ou  aquilo que o mesmo partido sempre exigiu: somos necessários para perfazermos dois terços! Logo, em termos de Pátria Portuguesa S. A. R. L., as acções laranjas, apesar de minoritárias, aumentaram de valor ou são falíveis. Mesmo que, fazendo as contas, tenhamos de concluir que os desviacionistas, os que indisciplinaram a ordem dos directórios partidários, vieram tanto do PS como do PSD. Entretanto, ficamos a saber que Francisco Pinto Balsemão, que daria também adequado candidato a Provedor,  tendo em vista o conceito geracional dominante, passou a representante da sociedade civil na liderança de  mais uma universidade pública portuguesa, emparelhando assim com outro antigo ministro, de quem foi colaborador no antigo regime, e com Henrique Granadeiro, antigo activista do grupo Expresso. Dois dos três desempenharam funções de relevo no decadente ensino superior universitário privado. Espero que não tragam esta última carga para as funções de regeneração e rejuvenescimento que as universidades públicas portuguesas precisam, especialmente quando o país tem, como chefe do governo, um dos bons exemplos criativos que o mesmo ensino universitário privado trouxe ao país. 

P.S. 1. A imagem reproduzida não é pura coincidência, retrata o antigo Vice Presidente do Conselho de Planeamento da encerrada Universidade Internacional,  entidade precursora destas magníficas reformas de Gago, já depois de ter sido ministro, onde o  depois tem a ver com o cargo e não com a imagem junta. Depois do depois é Telecom, Santander, Siemens, Mello, etc. Daria um óptimo Provedor de Justiça, sem ironia. 

P.S. 2. O rapaz da fotografia não é um dos estudantes da António Arroyo que hoje recebeu sem ovos, mas com muita algazarra de instalação, Sócrates, Teixeira e a Maria de Lurdes. Chamaram-lhes, com evidente ofensa para Mussolini, "governo fascista", para rimarem com a reivindicação do artista, mas, num cartaz que a televisão emitiu, podia ler-se um grito de alma: "somos futuristas", com um "viva Marinetti". O tal do "promontório dos séculos" que ainda não havia sido varado pelo "magalhães", mas que era fascista e tudo. Espero que o Ministério não mande mais um inspector  inquirir sobre esta campanha de camisinhas negras anticonstitucionais. Vale mais continuarmos o "manifesto antidantas" que esse era "futurista e tudo". Porque quem semeia ventos de propaganda comicieira em cima da mesa do orçamento do estadão, depois de atirar pedradas pode passar por um pátio e achar as suas proas quebradas, colhendo as inevitáveis tempestades...