a Sobre o tempo que passa: O subscretário da propaganda e turismo da ditadura não diria melhor!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

13.5.09

O subscretário da propaganda e turismo da ditadura não diria melhor!


Não, não vou dizer nada sobre Lopes da Mota, sobre os meandros Felgueiras, sobre o Eurojust... Vou dizer sobre o subliminar do discurso do senhor bastonário que, ontem, ao ser questionado sobre o Mota e sobre o Palma, alcançou o nível de Vitalino, porque também Vitalino, ao não dizer nada, como de costume, enquanto porta-voz do PS, fugiu-lhe a boca para o que efectivamente o situacionismo pensa e se fosse o subsecretário de estado da informação de Marcello Caetano melhor não diria: malandros dos partidos! 

Porque o ministro, o porta-voz, o provedor das empresas de trabalho temporário estão onde estava o marquês e o pina manique: estão por cima, são de cima. Contudo, até estão acima do que era a "alteza" dos processadores, dado que atingiram o impune da "majestade". São um ponto geométrico soberano que paira como satélite abastracto na estratosfera, ensombrando a planície dos súbditos, esses unidimensionalizados opositores a quem vamos dar o nome odiado de "os partidos". Porque nós, PS, nós, os do Sócrates, os do Alberto Costa, os do Lopes da Mota, nós somos o Estado. E o que nós dizemos tem valor de lei. E nós até estamos dispensados da própria lei que fazemos. Nós e os nossos representantes é que podemos processar e nenhum dos nossos agentes pode ser processado. O Estado são eles, o "lui", os que passaram para o mandarinato, esquecidos que em democracia o Estado devíamos ser nós, a república, a comunidade, porque os cidadãos inventaram a política para deixarem de ter um dono e apenas entregaram aos ministros, aos deputados e ao porta-voz, um depósito, um "trust" transitório, mantendo o poder original da revolta.

Resta saber se o espelho invisível do amiguismo pode apagar todos os vestígios desse corta-fogo discursivo, para que Pilatos continue a lavar as mãos com os falsos credos maquiavélicos do arrependimento do sim-senhorismo. Os donos do poder parecem esquecer que a democracia não é sabermos quem manda, mas como é possível controlar o poder dos mandarins, dos que pegam na mesa do orçamento e convidam certos opositores para comensais, transformando inimigos de ontem em aliados de hoje, para que os aliados de ontem que passaram a dissidentes ou a opositores possam ser devidamente processados no caso de usarem o discurso da racionalidade contra as notas oficiosas do chefe e dos respectivos porta-vozes. Prefiro continuar a ouvir o Amália Hoje, sem discos riscados...