a Sobre o tempo que passa: Pedofilias, gerontofilias e mais emplastros, todos os dias

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

2.6.09

Pedofilias, gerontofilias e mais emplastros, todos os dias


Daqui a um, dois meses, quando a lista do PS voltar ao blogue "Causa Nossa" e a lista do PSD conseguir colocar em Bruxelas o cinzentismo dos conselheiros e emplastros de Barroso, para que Carlos Coelho continue a produzir badalados relatórios e "mails" quase diários, em campanhas eleitorais que duram anos e anos, poderemos ler, com alguma gozação, o que ontem disse Paulo Portas sobre um debate dos irmãos-inimigos: Se o professor Vital e o doutor Rangel querem um debate só a dois até imaginei: Diz Vital, vivam as leis penais, diz Rangel, viva as leis penais. Diz Vital, viva o rendimento mínimo, diz Rangel, viva o rendimento mínimo, Diz Vital, não ao referendo, diz Rangel, referendo não? Diz Vital, não fale da supervisão nem do dr. Constâncio. Diz Rangel, `tá´ bem, não falo da supervisão nem do dr. Constâncio. Era assim o debate a dois, lado a lado. Tão amigos que eles são tirando na altura das eleições.

Se até Paulo Portas já tem direito a ser citado, aqui, está tudo dito sobre os campanheiros dominantes. Não posso, contudo, deixar de salientar que se espera com alguma expectativa a próxima visita de Vital Moreira à Qimonda, na companhia de Basílio Horta, e à Autoeuropa, com a presença de Manuel Pinho, depois da desastrosa passagem da cabeça de lista do mesmo PS por um jardim infantil, ontem, no dia mundial do deixai vir a mim as criancinhas, com as professoras em justo protesto pela utilização abusiva politiqueira de imagens sem a devida autorização paternal. Correndo o risco de ser acusado de pedofilia política, logo o PS, certamente a conselho de um dos emplastros que foi ministro, decidiu não admitir filmagens da entrada dos seus campanheiros num lar de idosos, não aparecesse uma acusação de gerontofilia, como tem sido apanágio do CDS.

Consideramos totalmente discriminatório o processo, dado que ainda não apareceu a Liga de Protecção da Natureza a protestar contra a utilização de imagens abusivas de Rangel em conversa com os chaparros alentejanos e as cerejas da Gardunha, enquanto também ninguém diz nada sobre as intimidades de Miguel Portas com a palha dos Algarves de aquém e de além-mar sem África. Porque o abuso foi desencadeado com o presidente do parlamento, Jaime Gama, quando profanou o santuário das cagarras, em nome da defesa soberana do nosso mar territorial, estragando o nome das Desertas e das Selvagens, sobretudo pela numerosa comitiva que o acompanhou em desembarques de alto risco para a integridade da segunda figura da pátria, agora que a primeira já não sobe a coqueiros e vê a sua carteira de acções ser devassada, com óbvios interesses politiqueiros, como se Dias Loureiro e Oliveira e Costa alguma coisa tivessem a ver com o BPN e o PSD, em simultâneo.

De qualquer maneira, os melhores momentos foram vividos por um popular espontâneo numa serração, quando equiparou os campanheiros visitadores de certos locais de trabalho a padrecas e sacristães, abusando do latim vulgar, na caça ao voto, quando bem poderia citar Robert Brasillach e acusá-los de turibuleiros que perderam o sentido dos gestos, diante dos altares, em regime de papa-missas. Com efeito, a liturgia das campanhas, com as visitas a feiras e a lares de cuidados paliativos, aqui e além, com viagens rápidas numa caldeirada de traineiras, para, depois, se desperdiçarem em comícios encenados, com mais bandeiras do que militantes e muita música de fundo, tal liturgia ainda marcada pelo ritmo gregoriano, anterior ao Vaticano II, já não está de acordo com as novas circunstâncias do tempo, a não ser para a selecção das velhas glórias do PREC, que se ficaram quase todas pela Intersindical e pelo PCP, em ritmo de festas do Avante.

Só que o PCP não é um partido como os outros, dado ter uma dimensão metapolítica, com memórias de ordem religioso-militar, como nos ensinava o Professor Agostinho da Silva. A única coisa comparável em autentiticidade e mobilização de massas às missas de Jerónimo de Sousa são as peregrinações a Fátima, com sermões de D. José Saraiva Martins, ou as visitas da imagem peregrina aos santuários da outra banda, quando a presente campanha, apesar de tratar de uma coisa nebulosa, como é esse objecto político não identificado (OPNI), chamado União Europeia, não consegue integrar os candidatos a missionários do rito no hábito desleixado que os não faz monges daquilo que precisávamos.

Quem se fia na virgem e não corre pode ainda pensar no salvamento das qimondas pelos elogios ao magalhães e pela distribuição de rosários de chipes pela maria de lurdes, apesar dos protestos dos jacobinos professores segundo o batuque de mário nogueira. Só que a mesa do orçamento nacional e europeu já foi chão que deu cerdeiras e uvas, quando apenas se vislumbra que as novas videiras produzam amarelecidas parras para a futura tanga deste saudoso oásis à beira mar plantado. Quando voltarmos ao ano de 1917 e as revoltas dos abastecimentos levarem a novos assaltos às padarias da fome, mesmo que não chegue a pneumónica nem sidónio, todos poderão concluir que o nosso vazio de metafísica não será propício a novas aparições do além e novos segredos para a conversão da General Motors. O "software" do magalhães já perdeu o prazo de validade, mesmo que se vista de Vital Moreira ou de Paulo Rangel. Qualquer "hacker" pode piratear coisa melhor para um desses telemóveis de última geração, onde vamos brincando ao "nintendo".