Da teledemocracia à canalhocracia
A recente vitória esmagadora de José Sócrates, faz-me recordar que quem quiser ser político está dependente dos principais donos do poder na comunicação social portuguesa, principalmente dos que, comandando as televisões, podem controlar decisivamente a opinião pública e orientar a luta política, ao escolherem os comentadores que hão-de interpretar aquilo que os mesmos decretam como a direita e a esquerda da democracia.
Quase se estabelece uma espécie de condomínio entre donos da comunicação, de viscondessas origens, e a nascente burguesia dos novos ricos da província, a quem é deixado o controlo dos clubes de futebol e do dirigismo federativo, duas das principais redes, em torno das quais se feudalizam os novos dirigentes políticos, onde se recrutam governantes e deputados.
Desta mistura, manipulada pela tríade da imagem, sondagem e sacanagem, para utilizar palavras de Manuel Alegre, resulta o status quo daquilo que o rei D. Carlos definia como o tal país de bananas governado por s.... Daí que a democracia corra o risco de volver-se em mera canalhocracia, para citar outra figura real, da casa de Bragança, neste caso D. Pedro V.
Como dizia uma recente directora de jornal na televisão: coitados...andam tantos anos na oposição que, depois, quando chegam ao poder, merecem a recompensa....
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