a Sobre o tempo que passa: O fim do Portugal do senão, não...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

29.9.04

O fim do Portugal do senão, não...


Cantam-se loas às glórias governativas e ninguém pode dizer o contrário. O Portugal legítimo do "senão, não" foi substituído por um Portugal artificial, espécie de títere, de que o Governo puxa os cordelinhos. Vela a Polícia e o lápis da censura. Incapacitados uns por esse regime de proibições, entretidos outros com a digestão que não lhes deixa atender ao que se passa, e jaz a Pátria portuguesa em estado de catalepsia colectiva. Está em perigo a integridade nacional. É isto que venho lembrar

(Paiva Couceiro, em carta a Salazar, de 22 de Outubro de 1937, antes de ser posto no exílio; para os jovens educados pelos modelos do estalinismo revisionista de Fernando Rosas e Mário Soares, convém dizer que o senhor Couceiro não era do PCP nem na esquerda republicana, era monárquico e liberal e terá sido um dos primeiros e consequentes oposicionistas do despotismo)