a Sobre o tempo que passa: Rudolfo, a cunha e a compra

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

27.9.04

Rudolfo, a cunha e a compra



Um tal Rudolfo, pato bravo bem relacionado, tratou de meter cunha bem explícita, junto de um tal Adolfo, ilustre membro da direcção de um dos partidos governamentais. Acontece que o tal Rudolfo se enganou no número do destinatário e o texto acabou escarrapachado na redacção de um jornal. O Rudolfo nunca devia ter escrevinhado, que essas coisas fazem-se de voz a ouvido, até para evitar as escutas. E as comissões devem ser em metálico, à maneira clássica, isto é, pelas coisas que os ourives fazem ou, mais solidamente, com pedras, tijolos e cimentos. Nunca em cheque ou transferência bancária que deixe rasto. Além disso, o político em compra deve ter carreira profissional liberal ou neo-liberal, isto é, com pretextos para branqueamento lícito de súbitos afluxos de rendimento. Corrupção como deve ser só através de uma fecundação de dois elementos da classe dos activos, isto é, daqueles que não ganham através de outrem, mas sempre sem livro de registo de entradas e saídas...