a Sobre o tempo que passa: Monsieur Alcagautes en Lisbonne

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

27.9.04

Monsieur Alcagautes en Lisbonne



Passou ontem por Lisboa o renomado escritor, filósofo, pensador, predador e milionário Monsieur Alcagautes (leia-se g-ô-t-e-s). E Lisboa pensou. Bárbara Guimarães entrevistou-o, segundo guião. Maria Jota Avillez radiografou-o, sem guiador. A revista do Expresso psicanalisou-o, sem sofá. E Lisboa pensou, no auditório da FNAC. Lisboa só pensa quando Alcagautes cá vem dar uma volta pelo Pirigaitas. Não que a cabeça de Alcagautes não pense. Quem não pensa são os que dizem que só Mário Soares é que pode dizer quem pensa em Lisboa, na Europa, no mundo, no cosmos. Antes de Alcagautes ser moda, Gautes Alca era moda. Hoje Gautes Alca morreu e Alcagautes está vivo.

Lisboa, um quarto de hora antes de morrer já está morta. Vale-nos Mário Soares e a sua Fundação para a Restauração Racionalista. E os amigos todos da dita cuja, à espera dos restos que sobrem de Monjardino e Stanley Ho. E de quem vai gerir o novo Casino da Expô.

Robespierre, ao menos, inventou a guilhotina. E o Terror. O Estado Terrorista. O Terrorismo da Razão. E saneou as ideias em França, com isso da Vendeia.

Alcagautes é filho do Maximilien. E de uma concièrge Máriá, natural de Alcagaitas, nome de uma aldeola, lá prós lados da Lourinhã. Gaita p'rós gaijôs! Viva a alibábá democráciá!