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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

2.12.04

Pela moralização da política



À esquerda, à direita, ao centro e nas próprias margens, todos os sinais apontam, para que, nesta encruzilhada, possa acabar por vencer a política pulhitiqueira, a das habituais facadas de bastidores, de acordo com a trilogia inventariada por Manuel Alegre: "imagem, sondagem, sacanagem". Apesar de não acreditarmos no reflexo condicionado do tecnocrata, expresso por Cavaco Silva, nesse misto de darwinismo com economia pura, das teorias luta pela vida do século XIX, onde acaba por triunfar o mais forte, dito homem de sucesso, julgamos que o político incompetente deveria naturalmente reduzir o incompetente à sua condição de sacristão. Nestes bailados negociais, joga-se o futuro do novo ciclo do regime. Quando importa que o povo reponha a democracia.

Não transformemos o tempo que passa em mais uma oportunidade perdida. É urgente uma efectiva moralização da política e, neste ponto, convém sermos radicais. Se, nos meandros da barganha, voltarem a triunfar os rostos cinzentos dos financiadores de campanha e os respectivos intermediários, se voltarem a dominar os aparelhistas, os caciques, as agências de comunicação, os ensaiadores da cenografia e os cinzentões do falso activismo, eis que as grandes potencialidades transformar-se-ão em grandes vulnerabilidades e continuaremos a decadência deste teatrinho de fantoches.