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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

14.1.05

Uma seta que sobe, outra que desce, que a bola somos nós...



Há um partido de Portugal, na Europa, que está rigorosamente ao centro. Tem dois eurodeputados conseguidos numa coligação governamental com os sociais-democratas que ainda não tinha monárquicos nem terras. Um deu, convictmente, o voto contra a Constituição europeia e outro, entusiasticamente, a favor. Um esteve com os conservadores britânicos, os comunistas e os eurocépticos, o outro, com os restantes elementos do PPE. Os dois cumpriram a estratégia dos geniais de campanha. Logo, este partido é esperto. E o povo é estúpido.

Às segundas, quartas e sextas pode fazer o discurso eurocéptico. Às terças, quintas e sábados, o discurso euro-entusiasta. Porque, ao domingo, depois de ir à missa, torna-se eurocalmo, veste-se de marinheiro de água salobra e faz a conquista do novo mar territorial, onde nem sequer podemos pescar. Há mais um partido que finge estar partido. Um dia é parte e outro é todo, para nos partir a todos. Um dia é governo e outro, oposição. Um dia é postura de Estado, com fato às riscas, outro é fórróbódó de oleado e boné, sem dar mergulhos.

Tem uma seta que desce para o Atlântico até às Selvagens e outra que sobe como um "tsunami", a caminho de Bruxelas. A bola dos matrecos, somos nós. E se a tirássemos do jogo, virando o tabuleiro e não lhe metendo mais moedas? É que o tabuleiro coligado vai copiar-lhe o exemplo...