Nem cesaropapismo, nem teocracia! Constantino já não manda!
Sobre a matéria apenas nos apetece recordar o que foi dito em Dezembro de 2003 por D. Armindo Lopes Coelho, católico e bispo, mas do Porto, para quem «o aborto não deveria ser penalizado». Mais explicitou: "eu sou contra a penalização, mas defendo como solução única a criação de condições sociais para que as famílias possam criar os seus filhos". Acrescentou também: "nada tendo que opor ao regulamento jurídico vigente, nem ao comportamento dos profissionais de justiça, mas confesso que não gostaria de ser juiz para aplicar tais penalidades». Defendeu até que «as pessoas que cometem aborto não sejam, do ponto de vista social, perseguidas e criminalizadas».
Isto é, sobre os mesmos cânones, há interpretações diversas. Tal como sobre o conceito de direito à vida. Porque, no rigor da postura católica, a própria lei vigente permite "a morte de seres humanos inocentes". Julgo que quem quer ser católico deve obedecer às regras da instituição e defender os respectivos valores e admito que, no foro especial da respectiva autonomia, sejam punidos espiritualmente os que cometem aquilo que consideram infracções. Julgo que, a nível do Estado e da lei penal, não podemos ficar dependentes de tais concepções do mundo e da vida. De outra maneira, não tardará que aqueles que pisam os terrenos da heresia possam ser relaxados para o braço secular. A Deus o que é de Deus, a César o que é César e nem aos agentes de Deus nem aos de César pode pertencer tudo! Ainda não voltámos a Bizâncio...
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