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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

14.3.05

Sobre devaneios e golpes de Estado mediáticos



Prometi, e julgo ter vindo a cumprir, nunca confundir as minhas opções de compromisso cívico com aquilo que venho escrevendo neste blogue. E julgo sempre ter cumprido. Mesmo hoje, quando um jornal diário de Lisboa me aponta como hipótese a candidato a líder de um pequeno projecto de partido, onde me integro.

Por isso, enviei um "mail" a muitos companheiros dessa minha pertença e que aqui reproduzo parcelarmente:

Caro companheiro de ontem ou de hoje:

Leio no jornal [...] o seguinte:

"... não descarta, porém, continuar à frente do partido e se tal não acontecer considera que há no interior "boas" alternativas, avançando com o nome de José Adelino Maltez, professor universitário e membro do [...]."O partido seria muito bem representado", afirma [...].

Desde já comunico a todos os companheiros que:

1) Não tenho feitio para "homo partidarius" e, muito menos, para qualquer função representativa do género e espécie, pelo que o meu apoio a [...] não passará nunca por tal tipo de especulação político-comunicacional. Quero cortar cerce qualquer devaneio nesse sentido. Mas julgo que é um dever cívico da democracia participarmos, humildemente, como soldados, em partidos, não excluindo os que apenas têm [...] votos populares.

2) A minha perspectiva sobre a situação política tem o defeito estrutural de ser quotidianamente manifestada e por escrito, tanto na perspectiva académica como na da intervenção cívica e de jornalismo de ideias. Qualquer leitor atento compreenderá que tenho total objecção de consciência aos compromissos de "rassemblement" e de presidencialite, a que [...] possa estar condenado.

3) Qualquer instituição para "poder-ser" exige, conforme os clássicos, dos teóricos aos práticos: uma ideia de obra ou de empresa; manifestações de comunhão entre os respectivos membros; adequadas regras processuais internas. Por outras palavras: princípios mobilizadores que lhe dêem futuro; felicidade na vida em comum; e organização do trabalho. Em instituição política onde não há votos, todos ralham e ninguém tem razão. Na nossa, a espiral "ml", com pitadinhas de direitismo [...], ameaça. Tenhamos juízo!

4) Não estou disponível para qualquer tipo de lugar directivo. Apenas estou disponível para ajudar a curar feridas e a recuperar amizades. Volto a dizer que, estando na esquerda da direita, isto é, sendo da direita cultural que assume o centro excêntrico da política, apenas participarei no projecto de partido [...], como sempre qualifiquei o [...], se se mantiver o espírito do pacto fundador: unir democratas conservadores, democratas da doutrina social da Igreja e democratas liberais, em nome de um nacionalismo liberal que não seja, nem pareça, da extrema-direita, do confessionalismo ou do jacobinismo.

5) Não participarei em qualquer projecto que vise o regresso de parte dos membros do [...] ao [...], ou ao espírito do [...], a integração no [...], a participação na candidatura presidencial do cavaquismo, mesmo sem Cavaco, ou outras corridas mediáticas pelo curto prazo. Basta recordar que, na última reunião da direcção a que estive presente, defendi o desenvolvimento dos contactos com o Partido Socialista, para a criação de uma ampla frente de oposição ao governo Durão/Santana/Portas, coisa que acabou, afinal, por ser derrubada pela votação de maioria absoluta no Engenheiro Sócrates.

6) Estou apenas disponível para integrar uma qualquer comissão de verdade e boa vontade que faça regressar ao seio da unidade na diversidade aquilo que [...] representava, sem que se exclua, ou puna, aquilo que a hipérbole da polémica para uso externo diabolizou e confundiu.

7) A actual situação política exige uma postura de extremo-centro que seja assumida por uma direita adepta do nacionalismo liberal, contra os pactos secretos da velha democracia. Heterodoxos como eu não podem ir além da chinela da respectiva natureza e, muito menos, assumir o princípio de Pedro.

José Adelino Maltez