Confissões metapolíticas V
Deu-se uma mistura entre a "teologia do mercado", resultante da perspectiva do "free trade", e o modelo organizatório do "État-Nation", produto da Revolução Francesa, um caldo que leva os condimentos de certo conceito de direitos do homem, com remota origem no cristianismo. A conjunto damos, por vezes, o nome de Estado de Direito, socorrendo-nos das grandes sínteses romano-bizantinas e, mais recentemente, dos modelos franco-germânicos da codificação e da pandectística.
Sobre o pano de fundo das culturas tradicionais, quase tribais, circula uma super-estrutura estrangeirada, marcada pela ideia iluminista das nações polidas e civilizadas.
O que até à Segunda Guerra Mundial era um mero fenómeno ocidental, europeu e americano, transformou-se num processo global, planetário.
Passámos da questão do fim das ideologias à questão do fim da história. Aliás, os dois blocos que se confrontaram duram a guerra fria, também eram híbridos.
O bloco chinês, marcado hoje pelo chamado pensamento Deng Xiao Ping mistura Confúcio, Mao e o capitalismo prático.
O europeísmo é a suprema mistura, com demoliberalismo novecentista reformado no século XX pelos anteriores inimigos e pode ser que se junte ao modelo os restos do marxismo-leninismo.
O mesmo poderíamos dizer do neo-americanismo.
As sociedades multiculturais tornaram-nos, a cada um de nós, seres multiculturais, híbridos, mistos.
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