a Sobre o tempo que passa: Partido e repartido

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

14.7.05

Partido e repartido

Partido e repartido pelas coisas que me cercam
só quando te procuro me reencontro.
Só quando te recordo
consigo reaver minha procura.
Sou borboleta inquieta
e abelha que volteia
à espera da primavera.

Tenho sede de grandes espaço
por onde possa estender meus braços
e repartir meu pensamento
em abstractos pedaços.
E assim disseminado
pelas coisas que me rodeiam,
vou e venho, pendular,
vou e venho, dentro de mim.
Sou todo o mundo e ninguém,
todo o mundo sou eu próprio.

Só quando te procuro me relembro
só quando te recordo
consigo reaver minha procura.
Só quando estou contigo
é que consigo voltar a ser
quem na verdade sou.
Só quando nosso passado
se faz presente
é que o futuro volta a ser
caminho a percorrer.