Os pilares da ponte do tédio que vão de nós para o outro
A Ponte que foi Salazar tem os seus acessos assentes num caneiro que corre o risco de ruir, porque as obras urgentes que foram requeridas ainda não se executaram. Preferiu-se esburacar a Rotunda para que futuras gerações continuem a ter que assistir à revolta de outras ribeiras encanadas....
A notícia do dia não são os comentários do Grande-Inquisidor de Marques Mendes, um professor de direito que, depois dos seus afazeres na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e na comissão de fiscalizadora do SIS, anda a instruir processos de disciplinares contra os isaltinados, antes de, finalmente, ser o representante dos laranjas no Tribunal Constitucional, nem o debate televisivo autárquico entre os candidatos do PS e do PSD a Lisboa.
As águas livres que dantes se encanavam nas alturas, à vista de todos, ameaçam até o garboso desta bela obra, quando os engenheiros não diziam que eram os únicos que sabiam de números, para insultarem filósofos pós-modernos e juristas, esquecendo-se que foi vice de Pedro e ministro de Zé Manel...
Também não parece ser novidade o eventual apoio de Ramalho Eanes a Cavaco Silva, nem a amaeaça de Manuel Alegre continuar a andar por aí. Mais importante do que tudo isso é o risco de derrocada do caneiro de Alcântara, o que poderá pôr em causa pilares da ponte do Tejo, na sua fase de Ponte Salazar, e o próprio Aqueduto das Águas Livres, a que nem a I República, quando o GOL estava no poder, chamou Aqueduto Marquês de Pombal.
Basta descermos às profundezas que nos sustentam para percebermos que os túneis de outrora asentavam em pedras firmes...
Nestas obras urgentes, sugeridas pelo LNEC, a fim de se evitar qualquer nova queda da Ponte Hintze Ribeiro, não falaram dois professores universitários, também dois ex-ministros de Portugal, que protagonizaram ontem uma dessas pouco pedagógicas cenas de peixarada demagógica, dado que se negou a essência da democracia, isto é, o diálogo com o adversário.
...embora também seja possível encanar as águas livres de forma mais dinâmica e circular, sem confundir estes caneiros com os tubos de esgoto de uma palaciana casa de banho. A democracia que temos não devia desaguar numa cloaca mental
Se o pós-moderno ex-ministro da cultura, doutor, agregado e catedrático em filosofia, invocou mensalões, agitando "dossiers" que não abriu, já o ex-ministro das obras públicas, engenheiro ainda não catedrático em epistemologia, invocou acusações sobre casas de banho do ministro Carrilho, sem se referir à decisão judicial sobre a matéria que foi favorável ao adversário, que ainda se socorreu da "auctoritas" do respectivo advogado. No fim do debate, Carrilho não estendeu a mão a Carmona e este ripostou, muito ordinariamente: É mesmo ordinário! Por mim, nenhum dos dois teve o nível esperado, dados os insultos, as insinuações e os ataques pessoais, onde só faltou a invocação de bárbaras mulheres do outro...
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