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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

8.11.05

1.800 corta-unhas, 4.056 pares de meias e a grande causa nacional de luta contra o chico-espertismo, ou a relação da árvore com a floresta



Uma operação alfandegária de combate à contrafacção realizada a nível da UE levou à apreensão de mais de dois milhões de artigos falsificados oriundos da China, anunciou a Comissão Europeia. Com destino a Portugal foram apreendidos 1.800 corta-unhas, 1.965 relógios, 4.056 pares de meias e 312 toalhas, artigos transportados por via marítima. Ministros das Finanças da Zona Euro advertiram o BCE para não subir as taxas de juro, porque um agravamento seria prejudicial para a recuperação económica que se está a prever para a Europa. O Instituto do Consumidor ordenou a retirada do mercado nacional de dois carrinhos de bebé por se verificarem perigosos.



Vale mais ler o Zé Mateus: O que está a acontecer no laboratório francês (e que vai mudar radicalmente a França política e a polìtica francesa) é um aviso solene a todos os estados europeus e põe, de forma definitiva, o problema que há décadas anda a ser escamoteado pelo relativismo cultural, tanto da esquerda angélica como da direita cínica, da compatibilidade de culturas quando uma é aberta e outra irredutível. Há um relativismo cultural do século XX que agoniza estas noites nos subúrbios de Paris...



O Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu hoje a necessidade de fazer do ordenamento «correcto e sustentável» do país uma «grande causa nacional», combatendo, em simultâneo, o «chico-espertismo, o oportunismo e o lucro fácil». A Europa precisa de paz entre cristãos e muçulmanos para ser uma sociedade viável, declarou hoje, em Brasília, o Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. "Se não existirem políticas activas extremamente eficazes e sem um grande envolvimento da sociedade, é fácil surgirem situações de desenraizamento, em que a pessoa não se sente ligada a nenhuma identidade, nem à sua comunidade de origem, nem à sua nova pátria", sublinhou Guterres, alertando para o "complexo problema relacionado com a integração da segunda geração de imigrantes" que se vive na Europa.