a Sobre o tempo que passa: República em Espanha e memórias das abriladas

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

14.4.06

República em Espanha e memórias das abriladas

Nesta sexta-feira de Paixão, recordo que, nesta data, mas não nesta memóra, se deu a implantação da República em Espanha (1931), quando, por cá, já mandava Salazar, pelo que importa acrecentar à agenda a efeméride que ontem não assinalei, a data da frustrada abrilada de 1961, quando o ministro Botelho Moniz tentou mandar o cônsul para Santa Comba.

Segundo rezam os factos, o golpe de Corte, com muitos salamaleques antes da ameaça de tiro, cedeu a um contra-golpe do mesmo teor, onde vieram a ser premiados tanto Kaúlza de Arriaga como Adriano Moreira. O primeiro tentou ser um novo Santos Costa e este último passou, de subsecretário, a Ministro. A qualquer um dos dois, Salazar nunca lhes perdoou os favores que os mesmos lhe fizeram.

Resta acrescentar que outras abriladas se tentaram e que uma, definitivamente, se concretizaria, a de 1974, onde Botelho Moniz se chamou Francisco da Costa Gomes e Kaúlza, Spínola. Adriano, por seu lado, assumia-se então como Veiga Simão.

No meio, segundo consta por meros testemunhos, porque ainda não vi os papéis, chegou a esboçar-se uma outra, com Santos Costa na organização. Contou-me o falecido Professor Almerindo Lessa que chegou a ter contactos com o mesmo Santos Costa, o qual, juntamente com altas figuras do GOL, se preparava para evitar a continuação da guerra, remetendo Salazar para embaixador no Vaticano.