a Sobre o tempo que passa: Entre Maputo e a cidade da Praia

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

31.10.06

Entre Maputo e a cidade da Praia




Neste dia dito das bruxas, Sócrates está em Maputo. Descansa no conforto do hotel Polana, antes de ir assinar a venda dos últimos restos do último Império português, aquela parcela de uma carteira de acções que nos faziam proprietários maioritários da barragem de Cahora Bassa, a tal que vendia energia ao apartheid abaixo do preço do custo e que o novo Estado independente nunca quis assumir, porque não valia a pena nacionalizar os prejuízos. Já na cidade da Praia, a angolana Amélia Mingas vai assumir a presidência do Instituto Internacional da Língua Portuguesa. Não consta que tenha actualidade o manual de estratégia do general Kaúlza de Arriaga, com os seus nós górdios, nessas malhas que o império terrestre teceu. A nossa pátria comum continua a ser a língua portuguesa, segundo os manuais de Luís de Camões, Cecília Meireles, Malangantana ou Chico Buarque. Importa convencer o Lula a desaguar no Tejo, sem ser numa jangada de pedra!