a Sobre o tempo que passa: Do Porto, que me deu cidade!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.9.07

Do Porto, que me deu cidade!


O Porto da minha infância, cidade que me deu cidade. Desse Porto, não lembro chuva, nem plúmbeos cinzentos, nem húmidos frios, mas apenas o sol nas vidraças das casas. E a velha ponte negra, donde se avistavam nesgas de mar.


Nesse Porto, ainda havia putos do aniki-bóbó e vapores na Ribeira, quando meu pai era novo e, ao domingo, comigo passeava pelos jardins da cidade.


Desse Porto, recordo, sobretudo, a casa de larga varanda rasgada, na curva da Rua das Taipas, onde, subalugas, vivíamos: eu, meu pai e minha mãe, à espera da minha irmã.


Felizmente havia um vizinho que era criador de passarinhos e me dava quintal para eu brincar. Ah! Esse Porto que me deu cidade,montras e luzes de natal.