Cavaco, setenta anos. Como o tempo passa!
Setenta anos de Cavaco. Ainda tem mais dois para se recandidatar. E serão intensos. Especialmente depois das outonais eleições, quando começar a cair a folha, seja qual for o resultado. Do mais do mesmo, da alternância deste disco riscado, à eventual alternativa, entre Manela a coordenar, ou Jerónimo e o Bloco no poder.
Esperemos que Cavaco não queira ficar na história como o coveiro do regime e que ajude o povo a mandar o bloco central de interesses para o caixote de lixo da história.
Só que o povão é quem mais ordena e tem sempre o governo que merece. De qualquer maneira, do alto da sua maturidade, Cavaco tornou-se um desses árbitros que também joga. Como defesa central, ou avençado de centro, mas sem poder ser treinador. Jesus já foi recrutado e Mourinho não quer voltar.
Resta saber se a maioria do eleitorado prefere o situacionismo, mantendo o que está, ou optando pela alternância do vira o disco e toca o mesmo riscado, do tira PS mete PSD, tira PSD mete PS
Pode também surgir reviravolta. Há um PS que quer abrir as portas ao PCP e ao BE. Chame-se António Costa e tem o apoio de Alegre. Por enquanto só tem Saramago e pode conquistar Roseta. Reconheço a mudança, mas não vou por aí. Mas se o povão quiser, reconheço humildemente a alternativa. Em verso épico, voltaríamos ao contraciclo relativamente aos principais parceiros europeus, embora fosse possível a viagem para uma Índia que não vem nos mapas.
Setenta anos de Cavaco. O regime está velho. Basta recordar que Marcello Caetano tinha sessenta e oito anos quando Salgueiro Maia o meteu dentro de uma Chaimite. E Salazar, quando caiu da cadeira, tinha menos idade da que agora têm Soares e outros “senadores da democracia”. Alegre nasceu em 1936. Cavaco, três anos depois.
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