a Sobre o tempo que passa: Para que a inteligência volte a casar-se com a honra, só uma nova atitude de confiança púbica

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

9.7.09

Para que a inteligência volte a casar-se com a honra, só uma nova atitude de confiança púbica


Estou cansado dos jogos florais entre PS e PSD, desses bombeiros pirómanos que usam palas nos olhos, em vez de se olharem ao espelho, por dentro das balbúrdias da gestão de interesses que agora se vão revelando como parangonas escandalosas. Deveriam ir além da proibição de candidaturas duplas, propondo ao país um inequívoco pacto contra a corrupção, salvaguardando a honradez da maioria dos políticos que os dirigem.

Julgo que um dos activismos declaratórios do Palácio de Belém poderia incidir sobre a necessidade de um pacto deontológico entre todas as candidaturas às próximas eleições. Pedindo desculpas ao povo português e à ideia de democracia, todos deveriam mostrar arrependimento pelos anteriores processos políticos que levaram grupos de interesse e grupos de pressão a irem além da sua chinela, entrando na zona de fronteira da própria compra de poder, estabelecida no condomínio do Bloco Central que mancha este rotativismo devorista. O Presidente, de cuja honradez não duvido, deveria ser o primeiro a mudar de atitude discursiva, até pelas consequências que, como líder do PSD, gerou a esse nível.

Infelizmente, a minha santa terrinha, depois do pioneirismo acusatório que recaiu num conhecido autarca e presidente de clube desportivo, voltou agora às primeiras páginas dos jornais, de novo com autarcas, patos bravos e altas figuras da partidocracia, nacional e local. As pedras da calçada continuam a chorar, mesmo depois das horas da despedida.

Não chegam as habituais andorinhas do falso moralismo que, eventualmente, façam ninho nos telhados da classe política. E os discursos ideológicos da esquerda ou da direita, ditas puras, não conseguem matar elefantes com fisgas, mesmo quando declaram exterminar moscas com armas atómicas. Para eliminarmos esta pandemia, além de isolarmos os que são transportadores do vírus, temos que passar da terapêutica à profiláctica. De outra maneira, continuaremos todos infectados...



PS: Imagem picada aqui.