a Sobre o tempo que passa: Temos Papa, princípio da subsidiariedade e república universal!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

7.7.09

Temos Papa, princípio da subsidiariedade e república universal!


Quem tem como norma a Cosmopolis, ou o Estado de Direito Universal, a que Kant chamou paz pelo direito, ou república universal, como sempre tenho defendido neste blogue, exagerando até no eventual remar contra a maré, não pode deixar de reparar na grande notícia de hoje. O papa Bento XVI emitiu a encíclica “Caritas in veritate”, onde pode ler-se: é “urgente que seja criada uma verdadeira ‘autoridade política mundial’”. Uma tal ‘autoridade política mundial’ constituiria “um grau superior de organização à escala internacional de tipo subsidiário para o governo da mundialização” e deveria também proceder a “um desejável desarmamento integral, garantir a segurança alimentar, assegurar a protecção do ambiente e regular os fluxos migratórios”.

Como homem de boa vontade, que não faz parte do povo que o tem como supremo hierarca, apenas quero saudar este ponto de diálogo entre o humanismo laico e o humanismo cristão, um dos fundamentos da nossa ordem de valores. Estava na linhagem da "Rerum Novarum" e da "Pacem in Terris" e na coragem assumida por João Paulo II. Daí compreender a imediata reacção de certos instrumentalizadores da imagem neoconservadora do papa bávaro, como estas linhas que logo comentaram a notícia que colhi no jornal "Público": "Caminhamos para a Era do Cristo Maçónico e este papa que já desde os seus tempos de jovem actua como servente de elites secretas tem contribuido e muito para o surgimento de uma ditadura globalizada. A infiltração no Vaticano de iluminados e aventais tem o dedo deste senhor, o prémio foi chegar a papa". Compreendo a descompreensão. Por mim, apenas reconheço: "Habemus Papam".