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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

27.7.09

Os activismos declaratórios de uma política sem férias


O Jugular é fixe. Vitalino merece esta gratidão. O ministro de Estado prefere tripas a ovos moles e a grande coligação entre Sócrates e os Gamadeiros é um bom sucedâneo à falta de alegria. Eis os pilares da ponte do tédio, entre Silva Pereira e Francisco Louçã, sem necessidade de Joana Amaral Dias... Contudo, para ser justo, noto a galhardia com que se reconhece o esforço de Seguro, Maria de Belém ou João Soares, os sobreviventes de um conceito pluralista de partido, mas não me parecem suficientes andorinhas para fazerem a Primavera...


O activismo declaratório de Cavaco, em ritmo austríaco, vai fazendo estágio sobre a grande coligação. Dá uma risada e diz para não tirarmos ilacções e pensarmos apenas no futuro. Bem eu gostava de ler as sondagens que acedem à ironia do presidente, o tal que se deliciou com ópera e recordou a ousadia de Mozart que também nunca foi reconhecido como profeta em ... Boliqueime


Mas Cavaco elevou a governantes sujeitos que mandaram o telegrama de demissão do partido adverso, um quarto de hora antes de tomarem posse. Os camaleões que mudam de cor no curto prazo são o normal anormal para todos os que consideram que os fins justificam os meios e reduzem a política à arte do possível.


Louçã acusa Sócrates de tráfico de influências, por causa dos convites a Joana. O Simplex não comenta. Autarca minhota do PSD afasta das votações um outro autarca de quem a mesma não gosta. O Jamais também não diz nada. Espero que os dois digam alguma coisa. Porque tenho confiança na autenticidade de alguns dos colaboradores dos mesmos blogues. Até já provaram essa coragem recentemente.

Sócrates desmente Louçã. Diz que não convida militantes de outros partidos. Só independentes, mas sem dizer desde quando. Até porque há conversões como as de Saulo na estrada de Damasco. Tipo pudim instantâneo. Todos os predadores gostam de elevar traidores à categoria de homens de sucesso. Onde tem razão quem vence.


É evidente que Sócrates veio da JSD. Tal como Portas. A gestação da mudança foi lenta e segura. Não foi como a de Saulo na estrada de Damasco, coisa que, agora, se assemelha ao pudim instantâneo. Em bom rigor maquiavélico, o bailado dos convites raramente tem uma recusa. Há sempre um corta-fogo nos meandros que costuma apenas ser invocado em memórias futuras, quando o outro já não pode desmentir a música celestial dessa literatura de justificação. Por mim, gostava mais que o respeito pela palavra dada pudesse ser valor supremo. Porque, assim, grão a grão, se vai minguando a confiança pública.


De qualquer maneira, o Bloco de Esquerda, hábil navegador na política de imagem já conseguiu lançar o PS numa trapalhada, equivalente aos corninhos de Pinho. Todos já esqueceram o recrutamento de um ilustre antropólogo para sétimo das listas de Lisboa, o tal que, de forma politicamente correcta, se deve dizer que é um conhecido militante de causas LGBT. Nem sequer se notou que Rosário Carneiro se mantém, muito justamente, como a sexta da lista do Porto, para compensar em sacristia o Jugular.


Será que o PS continua sujeito a uma constante campanha negra? Será que deve ser chamado o senhor Procurador-Geral da República para mais um inquérito?


PS: Imagem picada aqui