a Sobre o tempo que passa: A jangada de propaganda dos náufragos do rotativismo e os destroços arguidos de consciência tranquila

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

23.7.09

A jangada de propaganda dos náufragos do rotativismo e os destroços arguidos de consciência tranquila


Entre as chamadas novas fronteiras e a dita política de verdade, o centrão continua na caça às personalidades e às forças vivas, para efeitos de sedução eleitoral e de continuação do rotativismo, para que regeneradores e progressistas caiam na esparrela do João Franco, essa esquizofrenia geradora tanto do regicídio como do 5 de Outubro, coisas que não vão acontecer e que levarão a decadência a alongar-se até à queda final, numa cadeira ou numa banheira. Contudo, os holofotes mediáticos parecem preferir as portas do megatribunal, não por causa da inauguração do dito "campus", mas pelos novos arguidos dos velhos casos....


Os sorrisinhos irónicos e o alívio triunfalista marcam mais uma entrevista de arguido à saída de nova voltinha do processual dilatório que nos destrói a separação de poderes, porque os José Alberto dos Reis disponíveis estão todos em presidentes das assembleias gerais e dos conselhos da sinecura. Aliás, todos os implicados, suspeitos e arguidos, todos têm a consciência tranquila, porque, dizem, não praticaram ilegalidades. Por mim, preocupa-me mais a "pantouflage" que deveríamos banir no plano deontológico. Porque, como diz Cícero, nem tudo o que é lícito é honesto...


Entretanto, Sócras diz não às cartilhas ideológicas. Prefere a ideologia do pragmatismo. Isto é, confirma que a dele, a de esquerda e socialista, volta para a gaveta donde nunca saiu a não ser para deleites da utopia e do colectivismo de seita. Assim se confirma como continuamos em deserto de pensamento, apenas tendo o fantasma de uma direita de saias. E Manela que diz não ter cara de cheque em branco, como aqui antes denunciávamos, declara que para ser verdadeira não pode dizer nada, assim confirmando como o leme está quebrado e vamos navegar à bolina, sem o GPS de uma ideia de Portugal e sem marinheiros que saibam ler as estrelas e ajustar a táctica a uma estratégia e, muito menos, a uma concepção do mundo e da vida.


Vale-nos o minucioso estudo de uma consultadoria, discriminando os milhões que temos de desembolsar por causa da gripe porcina é delicioso em planeamentismo tecnocrático. Gostaria de aplicar esta tecnologia a erros políticos do passado. Desde a boca do gato por lebre de Cavaco às denúncias de Sócrates quanto à campanha negra por causa do fripote...
Já nem nos naufrágios somos dignos da nossa história trágico-marítima!