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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.7.09

Do défice, das descontas, das prisas, no mais do mesmo que nos enreda


I

Receitas do Estado caíram não sei quanto em três meses... Como dizia Armindo Monteiro, a história de Portugal é a história do défice. Só que a história da democracia é a história do imposto, como proclamava Maurice Duverger. Resta saber quando é que os impostos voltam a ser as democráticas contribuições, esse nome liberal da herança absolutista. Quando o Estado deixar de ser um ele e passar a ser um nós.


Quem se fia na virgem de uma qualquer UE e não correr, pode acabar em trapalhadas das finanças da ditadura, à Sinel de Cordes. Prefiro o exemplo Álvaro de Castro e Armando Marques Guedes e, por isso, quero que Teixeira dos Santos não seja ajudante de qualquer coveiro do regime, até para que não chegue a ilusão de um qualquer dom sebastião contabilista, que nos peça um cheque em branco...


Os parlamentos medievais surgiram quando os reis precisaram do consentimento dos povos para o lançamento de impostos. Assim foi o nosso que, nos domínios do poder tributário, até precedeu o inglês. Por cá, os povos ainda não restauraram os seus foros e costumes neste campo. O terreiro do paço ainda é herdeiro da ditadura das finanças.


II

Mário Lino diz que o Tribunal de Contas não encontrou qualquer ilegalidade num determinado ponto analítico de certo contrato que ele assinou em meu nome. A televisão pública traduz em propaganda: o TC não encontrou qualquer irregularidade... Todos ficámos encontradamente encantados...


III

Depois de oito meses de Hotel Judite, Costa vai para a rica casinha, enquanto se espalham os pouco líricos meandros da Pousa Flores. Vale-nos que Santos Silva clama pelo programa de governo da drª Manela, enumerando-lhe as eventuais malfeitorias de maquilhagem orçamental. Chateiam estes discursos com rugas e verrugas, bem como as respostas vitalinas de Aguiar Branco...


IV

Passeei pelo neo-simplex, esperando que a nova frente do antipapa mayzena desse sinais. Parece que já não é precisa. Há um césar das ideias que desponta e que, sem ser abominável, vai dando neves ao que se previa ser um verão quente...


V

PSD, comendas e encomendas dos sargentos verbeteiros, ou as formiguinhas propostas para Lisboa, pelo aparelhismo do mais do mesmo: Manuela Ferreira Leite, Nuno Morais Sarmento, Luís Marques Guedes, Sofia Galvão, Pedro Lynce Faria, Pedro Afonso, Susana Toscano, Sérgio Lipari, Fernando Ferreira, Ana Sofia Bettencourt, António Rodrigues, Ricardo Leite, Zita Seabra, Adolfo Reis, Paulo Torres, Isabel Leal Faria, Duarte Pacheco, Helena Lopes da Costa, Joaquim Bianchi Cruz, Álvaro Carneiro.