Programa dos socialistas. Hoje no DN
Foi uma dessas turbulências das uniões de facto, que só no tempo do bisavô Keynes, contemporâneo do Salazar, tinha acontecido. Vai daí, volta a velha infanta, nos jardins das novas fronteiras assentada, a escrever uma longa carta de amor à improvável maioria absoluta, através de um estilo esotericamente tecnocrático, parecido com os “papers” do extinto departamento central de planeamento.
Ficou uma antologia daquelas frases que hão-de salvar Portugal e que têm vindo a ser emitidas a conta-gotas nos telejornais. Mas, porque, na prática, a teoria tem sido outra, em nome daquele pragmatismo que mandou pôr a ideologia socialista na gaveta, o tal futuro continua por salvar, e o inferno a ser plenificado pelas boas intenções.
Das que querem dar, aos mal-aventurados, a música celestial de um peixe descongelado, mas sem que lhes estimulem a arte e a vontade de pescar. Porque interessa mais zurzir nos fantasmas com que se diaboliza a oposição, acusando-a, ciumentamente, de querer rasgar.
Por mais pactos que se especulem, não se diz com quem, da mesma espécie, se quer pernoitar em coligação. Esta literatura de justificação não nos prepara para incerteza e nem o novo conceito de abono de família consegue colmatar o deserto de ideias.
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