a Sobre o tempo que passa: Que saudades do Costa do Castelo e do Leão da Estrela

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

29.7.09

Que saudades do Costa do Castelo e do Leão da Estrela


Costa e Santana são do melhor da geração pós-abrileira. Vêm da mesma fábrica onde eu também fui ajudante de engenheiro da linha de monatgem: a Faculdade de Direito de Lisboa. Que se libertem da infra-estrutura aparelhística da partidocracia e das teias de patos-bravos da geração tia matilde...


Santana tem o lastro dos e das santanetes e dos habituais carregadores de piano. Mas Costa também exibe costonetes, vindos da Amadora e Matosinhos e da coelheira da concelhia, apesar de ter exportado perestrello para Oeiras. E conserva a memória daqueles directores-gerais que semeou e dos quais, de alguns, se guardam mau sabor para o Estado de Direito.


A caldeirada que apoia Costa é fina. Vai de Saramago a Gonçalo Ribeiro teles, foi conformada por Alegre e pode levar Costa a correr a uma eventual sucessão de Sócrates, depois de 27 de Setembro. Abandonará, então, a corrida à CML? E ainda há PCP e Bloco de Esquerda com candidaturas próprias.


Também Santana tem a sua salada russa, fingindo ser AD. Onde está o PP"M" que é de cameralismo pereirático e terra em movimento, mas com um apoio de peso: o de Joãqo César das Neves, trazendo uma unção especial da patriarcal voz católico-apostólica-romana. Mas dos dois lados há católicos, maçons, monárquicos e republicanos. Todo a molho e batatada, com muito fia-te na Virgem e toca a correr.


Nenhum diz que o programa de reforma de Lisboa é inviável com estas regras do jogo impostas pelos governos e parlamentos, onde a super-estrutura das candidaturas está neofeudalmente espartilhadas pelos micropoderes da partidocracia e das forças vivas patobravistas. Nnehum quer ruptura e vão cabar por falir Lisboa, quando esta cabeça do reino é bem mais do que os Açores ou do que a Madeira que, felizmente, já se libertaram do jugo colonial dos capitaleiros...

Mas gostei que Costa tivesse batido o pé a Rui Pereira e a Mário Lino. Foi mau que tivesse confessado ter sido ministro do interior: "eu é que alterei a lei das finanças locais..."

O principal adversário de Lisboa, esta cidade feita por subscrição nacional (Augusto de Castro), é o estadão governamentalista. Nem repara que a cidade é, hoje, uma das zonas mais socialmente degradadas do país. Os autarcas deveriam ser vozes tribunícias desta revolta, copiando as reivindicações dos líderes das regiões autónomas...

Mas foi tudo imagem, com medo da sondagem e sacanagem à mistura.

Qualquer analista de estratégia e desenvolvimento manda que nos adaptemos a modelos já praticados em Madrid, Paris e todas as cidades capitais da dimensão de Lisboa. Até poderíamos reparar que Alexandre Herculano chegou a ser presidente de Belém-Ajuda para a criação de um pólo de desenvolvimento industrial da cidade no século XIX...

O município de Lisboa é grande demais para podermos ser vizinhos em cidadania de participação (deveria desdobrar-se em pequenas autarquias, bem maiores do que o Castelo e bem menores do que os Olivais). Mas é ao mesmo tempo pequeno demais para os grandes problemas que são da área metropolitana. Deveríamos estar a eleger um paralamento regional e não autarquinhas.

A democracia, por causa das secções locais da partidocracia dominante, não quer desfazer o mapa da pesada herança do autoritarismo do Código de Costa Cabral e Marcello Caetano. Nem sequer volta ao velho Senado, intermunicipal, que resistiu às cunhas do Marquês de Pombal
Lisboa deste camaralismo precisava de uma lei especial que a voltasse a configuarar como cabeça do reino. O que temos ainda é um pronto-a-vestir quase igual a Freixo-de-Espada-à-Cinta, configurado pelos administrativistas do velho ministério do interior...

O debate Costa/Santana não foi terra a terra, foi subterrâneo demais: eram só buracos financeiros e túneis para carrinhos... O Costa do castelo fpoi o campeão dos floreados numéricos. O Leão da Estrela no roteiro das ruas e travessas de Lisboa...

Costa e Santana tentaram convencer-me a entregar a minha carteira a um deles. Mas ainda foi um jogo de defeso, um treino de pré-época. Tiveram medo de política.

Um já foi Primeiro-Ministro e líder do PSD, sem nunca ter sido ministro. O outro á foi ministro e ministro e talvez queira ser líder do PS e Primeiro-Ministro. Ambos são bem melhores do que aquilo que mostraram no debate de ontem...
PS: Imagem picada aqui. Com muitas frases tiradas do meu bloco, reproduzindo o que ontem comentei na SIC-Notícias, sob a moderação de Ana Lourenço.