a Sobre o tempo que passa: Solnado, um pouco de nós morreu contigo

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

10.8.09

Solnado, um pouco de nós morreu contigo


Solnado. Já foram escritas todas as frases do reconhecimento. É um pouco de todos nós que morre com ele. Melhor: que com ele entra no eterno. Ele apenas era o elo de uma linhagem que vem de Rafael Bordalo Pinheiro e que continua em todos que continuam sua procura.


Como disse a tua neta, deixaste um rasto de luz onde passaste. Como tu disseste, a tua vida foi saborissíma e o fiozinho que te prendia à vida, fez-nos todos teus filhos e teus netos. Tu foste o último Zé Povinho que eu conheci, depois do António Silva e do Vasco Santana. Outros virão e continuarão a ter o nome de Portugal!


Entrevista de Solnado, há cinco anos: "Eu tenho uma paixão imensa pela liberdade. Aliás, acho que o amor à liberdade já nasce com as pessoas e eu nasci com esse amor. Pelo que conheço dos portugueses, penso que, apesar de tudo, ainda existe uma imensa maioria que tem a paixão da liberdade e da democracia".


"E depois temos por aí uns senhores que adoram dinheiro, gostam de coleccionar aquela porcaria. Se não estivéssemos na União Europeia a democracia já há muito estaria em perigo."


"A mim, a crise económica não me afecta, porque nunca tive um projecto de fortuna, o meu projecto é de felicidade. E a tal paixão pela liberdade que sempre me acompanhou."