África, mulher - mãe de consistência. Um poema de Teresa Vieira
África, mulher - mãe de consistência
África
Que o teu criador não te fez à semelhança de nada
África
Generoso enigma da razão solta
Quando antes da partida já meu corpo se quedava
África
Meu ciclo de esperança
Minha sedutora ladra que me roubaste de mim
Para me levares às essências
África
Renovadora incessante do desejo
Extensão sólida, miragem real
Com que critério viver-te ?
África
Minha emergência de reconciliação
Meu grande olhar iniciático
Às tuas formas adiro e descalça
Obedeço ao teu pulsar
África
Meu coração central
Tua receita secreta
Aventura de mim a ti a erguer-se do nada
África
Meu frágil dormir
Quando teus sons próximos e longínquos
Me dão a ilusão do silêncio
Enquanto os bichos homens, bichos mulheres
E bichos por superioridade
Feitiçam tuas noites de fortes cheiros
Ai! África mulher-mãe de consistência
Tua lei, minha morte satisfeita
África
Sem intervalo
Melodia lavrada à extensão de perder de vista
Iluminura na bíblia dos meus dias
E sempre novas maravilhas atiçam
Danças de alquimia ao fogo
OH! África
Conclusão do meu destino
Recorte do meu corpo
Espírito exposto ao tempo próprio
Começo sem limites onde já descanso meu cansaço
África
Das cores fortes com nome
Ser tua amante sob as luas
É saciar minha avidez chamada mundo
OH! África
Das trovoadas que rebentam em partos de vida
Universidade inesgotável de saberes
Deixa que enfim
Por mim mesma
Evoque o imperativo de me aceitares
Um pouco
tua.
Teresa Vieira
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