a Sobre o tempo que passa: Cedendo aos valores de família e das memórias da santa terrinha

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.1.10

Cedendo aos valores de família e das memórias da santa terrinha

Amanhã falo da comunicação do Senhor Presidente. Hoje, primeiro dia do ano, prefiro ceder a valores de família e partilhar com os meus habituais leitores, a primeira página do jornal "Açoriano Oriental" que traz uma bela entrevista com a minha filha mais nova, a Filipa, psicóloga na Casa do Gaiato em São Miguel. Pai babado, pede desculpa pela impertinência! Mas alargando os valores da família ao patriotismo da santa terrinha, sempre confesso que estou a ler um belo livro, "As Minhas Memórias", de Leopoldina Pinheiro Cardoso, onde uma mulher simples, de real cultura popular, faz o relato poético da terra de meus pais e meus avós, Cernache, onde cresci e fui educado, retratando a paisagem e invocando a minha querida avó, Maria Luzia. Os antropólogos e historiadores bem aprenderiam com a simplicidade dessas descrições que nos dão a metafísica necessária para a regeneração de uma ética cívica. Daí que a fotografia da Filipa me tenha lembrado uma vaca dita Pombinha que havia lá para os lados da Sardoeira, na casa da minha avó velha, onde só não nasci porque já havia carros de praça levaram minha mãe para a maternidade da cidade vizinha...