a Sobre o tempo que passa: Continua a violação das massas pelo mau-cheiro deste mais do mesmo

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.3.10

Continua a violação das massas pelo mau-cheiro deste mais do mesmo


Em política, PSD continua mais uns dias em procissão: Rangel está contra a "promiscuidade" e pretende "desparasitar" o Estado. Uma passista-pensadora descobre o título francês, de há uma década, do "État Moderne, État Modeste". Aguiar-Branco, enquanto corrige as assinaturas da candidatura, está contra as "claques" de Pedro e os "actores profissionais" de preto "call center", ao serviço de Paulo que, a esses costumes, disse estar em branco e a guiar para as bruxelas .

Reparo como os "socialistas" do governo dizem ter preocupações "sociais", enquanto o presidente, fardado, mostra preocupações "ambientais", contra o lixo e o mau-cheiro... E proponho que todos os carros que entram em Lisboa passem a pagar portagem, não em prestação pessoal, mas numa via verde que faça transferência informática de verbas da autarquia de residência para a de Costa. Como também sugiro que os políticos, que fazem belos discursos, devam mostrar-se sempre na televisão com um rodapé onde apareçam as reformas estaduais que acumulam e as consultadorias que abicham, das empresas de regime...

Também registo como Sampaio, o cenourinha, foi, é e há-de continuar simpático, por mais notário da república que tenha sido. E quando diz que não comenta o mandato do seu sucessor em Belém, está a afastar directamente a hipótese de uma recandidatura por razões deontológicas. Infelizmente. Tenho saudades de um presidente que se passeava como homem comum pela ruas da vizinhança, saindo da gaiola presidencial...

Noto como reconhece que um governo em acção pode ser populista e alterar os dados da opinião pública e afectar escolhas eleitorais. Eu confirmo. O pior populismo é o que não parece populismo, isto é, o que altera os dados da opinião pública e afecta as escolhas do povo. Basta o "vermos, ouvirmos e lermos". Aqui e agora.
Chocam-se as cenas de inequívoca violência criminal que foram, ontem, transmitidas em directo do Algarve, antes do jogo entre dragões e águias. Foram mais um sinal de vergonha que vamos continuando a tolerar em nome da festa do futebol...

Precisamos todos, em nome da transparência, de saber quanto é que custou ao contribuinte a mobilização dos aparelhos estatais de segurança para o efeito privado dessa chamada festa! Porque a estrutura da auto-organização do futebol a deve pagar na integralidade!

Como liberal, exijo que os clubes e as sociedades capitalistas que patrocinaram o jogo paguem tal despesa directamente. Como adepto da autonomia da sociedade civil, clamo pela chamada justiça desportiva. Usem os sumaríssimos para adequada punição. Pelo menos, uns joguinhos à porta fechada para os clubes que todos vêem ...
Não podemos clamar contra o intervencionismo do poder político sobre órgãos de comunicação social, se aceitarmos passivamente esta forma de violação das massas por entidades que beneficiam desta forma de pressão, quase de psico militar em tempo de ocupação de territórios alienígenas! Nem mais um tostão público para o futebol!

Claro que não perco um jogo de futebol. Mas a minha paixão pelo espectáculo e o meu clubismo não admitem esta quebra civilizacional de uma minoria de bandos que, em nome da festa, se passeiam em violência, proibindo que pessoas normais, nomeadamente pais com filhos, possam ter o prazer desse belo espectáculo dos deuses dos estádios! Já chega de cobardia!

O silêncio sobre esses crimes, que deveriam ser investigados pelo Ministério Público, leva a que a própria política se enrede na teia, com dirigentes e comentadores futebolísticos que ascendem a candidaturas políticas, e com elementos de claques que se insinuam em candidaturas partidárias, numa promiscuidade com nível de baixeza idêntica à da própria corrupção!