A metafísica acontece nas coisas mais banais, para quem quer ter direito ao divino
Nestes sítios do Sol Nascente, a metafísica acontece nas coisas mais banais. Na curva de um monte de verde sujo, ou nas bolas de neblina que nos dispersam. Há pedaços de espírito que nos vão dando contornos, onde Pascoaes pode ser Pessanha e Pessoa volver-se em Wenceslau. E uma noite de sonhos sem pesadelos, palmares e mangueiras bordejando casas que são casas, nesta cidade de muitos fios ostensivos, motoretas sempre em bulício e espíritos que podem realizar-se nos homens concretos, de carne, sangue e sonhos. Porque as essências apenas se objectivizam espiritualmente, quando as subjectividades pegam na alma e a deixam penetrar nos corpos, compreendendo. Porque só há almas quando elas se religam a um corpo, e todos os transcendentes só o são quando sentem o aqui e agora. (pedaço do livro que aí vem, sem "nihil obstat", pitadinhas de Aristóteles e irmandades com Teixeira, Fernando e Camilo).
PS: Na foto, o próprio ao colo de seu avô. Já na altura o vestiam de anjinho, sem asas. A irmandade é a do Santíssimo, de belas opas vermelhas. O andor ficou decapitado, mas o fotógrafo não foi este que vos escreve. Mas assume a heresia de seu pai. As asas, do anjinho que me veste, não me deixaram ser salada de religião revelada, livraram-me do agnosticismo e do ateísmo, sobretudo dos estúpidos, conforme as constituições originais, e obrigam-me a continuar a procura do que Régio qualificou como "as confissões de um homem religioso"...
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